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Metodologia e Pré-História da África - unesdoc - Unesco

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668 <strong>Metodologia</strong> e pré -história <strong>da</strong> <strong>África</strong><br />

à exceção de quatro ou cinco casos, ele não se encontra em posição estratigráfica.<br />

O essencial ain<strong>da</strong> está por fazer: escavações e son<strong>da</strong>gens seriamente conduzi<strong>da</strong>s.<br />

Um ponto obscuro: as indústrias de lascas<br />

O Paleolítico Inferior na Europa e no Saara caracterizou -se por um objeto<br />

que foi essencial, o biface. Partindo <strong>da</strong>s mais grosseiras formas, agrupa<strong>da</strong>s<br />

inicialmente sob o nome de “Chellense”, evoluiu em peças elegantes, equilibra<strong>da</strong>s,<br />

perfeitamente lasca<strong>da</strong>s e bem -acaba<strong>da</strong>s, como as de Micoque. No Saara os<br />

primeiros bifaces foram anunciados pelos últimos seixos lascados. Rapi<strong>da</strong>mente<br />

se opera uma transformação radical na técnica de lascamento, e essa habili<strong>da</strong>de<br />

nova <strong>da</strong> difícil arte de preparar a pedra não desconhece o alijamento e a perfeição<br />

<strong>da</strong>s formas. Na Europa e no Saara, esses progressos só se tornaram possíveis<br />

graças à descoberta <strong>da</strong> eficácia do percutor mole, de osso ou de madeira, que<br />

substituiu o martelo de pedra, de pouca precisão, <strong>da</strong><strong>da</strong> a violência de seu impacto.<br />

No entanto, apesar de o biface ser essencial – o fossile directeur, por assim dizer,<br />

do Paleolítico Superior –, está longe de ser o único objeto manufaturado pelo<br />

Homo erectus. Temos muitas razões para acreditar que, desde a mais remota<br />

origem <strong>da</strong> técnica, as lascas foram igualmente utiliza<strong>da</strong>s; e não somente elas, mas<br />

também uma boa parte dos resíduos múltiplos provenientes do lascamento dos<br />

núcleos. Por isso, é normal a preponderância <strong>da</strong> lasca no alvorecer do Paleolítico<br />

Médio 51 . A lasca não é, portanto, uma descoberta; é uma transformação. Essa<br />

transformação se fará notar também pela miniaturização dos bifaces, que<br />

aos poucos se tornarão armaduras. Em contra parti<strong>da</strong>, o revolucionário é a<br />

generalização <strong>da</strong> técnica levalloisiense. No Saara, ela aparece muito cedo; é dela<br />

que provém o processo de fabricação de certos bifaces de Tachenghit 52 ; é a ela,<br />

ain<strong>da</strong>, que se deve a indústria de Broukkou ou de Timbrourine. Mas, apesar<br />

desse aparecimento precoce, não parece que o modo de vi<strong>da</strong> dos inventores<br />

tenha -se modificado. Esses precursores certamente não são os neandertalenses,<br />

pois então eles teriam, sem dúvi<strong>da</strong>, adotado um modo de vi<strong>da</strong> diferente, que<br />

exigiria a utilização de um armamento e um instrumental mais leves, opostos<br />

na sua concepção ao peso do biface e <strong>da</strong> machadinha. Na ver<strong>da</strong>de, o fato mais<br />

impressionante, a que não se tem prestado muita atenção, não é tanto a ausência<br />

de um Musteriense legítimo no Saara ou de qualquer outra forma musteroide<br />

51 Não se deve esquecer, no entanto, que a ver<strong>da</strong>deira mutação é humana e assinala<strong>da</strong> pelo aparecimento<br />

do Homem de Neandertal, autor <strong>da</strong>s indústrias musterienses.<br />

52 TIXIER, J. 1957.

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