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Metodologia e Pré-História da África - unesdoc - Unesco

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Conclusão: Da natureza bruta à humani<strong>da</strong>de libera<strong>da</strong><br />

mais progressivas. Como observa com perspicácia J. Suret -Canale a respeito do<br />

modo de produção asiático (mas essa observação vale a fortiori para o caso<br />

africano, incluindo o período colonial):<br />

“Nesse sistema, com efeito, o recrudescimento <strong>da</strong> exploração de classe, longe de<br />

destruir as estruturas basea<strong>da</strong>s na proprie<strong>da</strong>de coletiva <strong>da</strong> terra, reforça -as: elas<br />

constituem o quadro no qual se efetua a retira<strong>da</strong> antecipa<strong>da</strong> do sobreproduto,<br />

condição indispensável <strong>da</strong> exploração”.<br />

Realmente, são as comuni<strong>da</strong>des de base que, como tais, são responsáveis pelo<br />

pagamento do sobreproduto. A <strong>África</strong> dos clãs e <strong>da</strong>s aldeias ain<strong>da</strong> existentes,<br />

pouco vincula<strong>da</strong> à apropriação priva<strong>da</strong> <strong>da</strong> terra (um bem tão vasto e tão precioso,<br />

mas também tão gratuito quanto o ar), ignorou durante muito tempo o problema<br />

<strong>da</strong> aquisição de terras como fonte de conflitos entre grupos sociais. Mas essa<br />

não foi a única causa do “arcaísmo” <strong>da</strong>s formas sociais observáveis na <strong>África</strong>. O<br />

baixo nível <strong>da</strong>s técnicas e <strong>da</strong>s forças produtivas, numa espécie de círculo vicioso,<br />

era simultaneamente causa e consequência <strong>da</strong> diluição demográfica num espaço<br />

não controlado, porque quase ilimitado.<br />

Em virtude dos obstáculos naturais, o tráfico comercial de longa distância<br />

quase nunca se tornou muito ponderável, apoiando -se nos produtos de luxo<br />

frequentemente limitados aos oásis econômicos dos palácios. De fato, sem<br />

recorrer à noção plekhariovista de “meio geográfico”, pois este útimo é apenas<br />

uma <strong>da</strong>s facetas do meio histórico, devemos efetivamente levar em conta as<br />

barreiras ecológicas menciona<strong>da</strong>s na Introdução deste volume. A contraprova<br />

dessa afirmação é que, to<strong>da</strong>s as vezes em que essas barreiras foram total ou<br />

parcialmente suprimi<strong>da</strong>s, como no vale do Nilo e em menor escala no vale<br />

do Níger, a dinâmica social ativou -se; em favor do progresso concomitante <strong>da</strong><br />

densi<strong>da</strong>de humana e <strong>da</strong> proprie<strong>da</strong>de priva<strong>da</strong>.<br />

Assim, não houve na <strong>África</strong> (negra), em seu conjunto, nem fase escravista<br />

nem fase feu<strong>da</strong>l como no Ocidente 20 . Nem se pode dizer que os modos africanos<br />

sejam mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong>des desses sistemas socioeconômicos, pois frequentemente há<br />

falta de elementos constitutivos essenciais. Isso significa que se deve subtrair a<br />

<strong>África</strong> aos princípios gerais de evolução <strong>da</strong> espécie humana? Evidentemente não.<br />

No entanto, mesmo que esses princípios sejam comuns a to<strong>da</strong> a humani<strong>da</strong>de,<br />

mesmo admitindo que o essencial <strong>da</strong>s categorias metodológicas gerais do<br />

20 J. CHESNEAUX, op. cit., p. 36: “O que parece bem definido é a quase impossibili<strong>da</strong>de de considerar<br />

que as socie<strong>da</strong>des africanas pré -coloniais, com raras exceções, dependem <strong>da</strong> escravidão ou do feu<strong>da</strong>lismo<br />

propriamente ditos”.<br />

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