29.03.2013 Views

Metodologia e Pré-História da África - unesdoc - Unesco

Metodologia e Pré-História da África - unesdoc - Unesco

Metodologia e Pré-História da África - unesdoc - Unesco

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

164 <strong>Metodologia</strong> e pré -história <strong>da</strong> <strong>África</strong><br />

as fontes coleta<strong>da</strong>s são difíceis de se avaliar; apresentam -se discrepantes e<br />

incompletas; faltam variantes; há pouca informação sobre a transformação<br />

de uma fonte, sua representação, sua transmissão. O trabalho é malfeito.<br />

Uma consequência particularmente nefasta é a impressão cria<strong>da</strong> entre outros<br />

pesquisadores de que essa “área” já foi estu<strong>da</strong><strong>da</strong>, o que diminui a probabili<strong>da</strong>de de<br />

se fazer uma pesquisa melhor no futuro. Não se deve esquecer que as tradições<br />

orais desaparecem, embora felizmente com menos rapidez do que se costuma<br />

pensar. A urgência <strong>da</strong> tarefa não é razão para atamancá -la. Pode -se replicar,<br />

como tem ocorrido, que o que advogamos aqui é utopia, perfeccionismo, coisa<br />

impossível. Contudo, é o único modo de se fazer um bom trabalho com os meios<br />

disponíveis num determinado lapso de tempo. Não há atalhos. Se acreditamos<br />

que, em alguns casos, todo esse trabalho produz somente uma safra muito pobre<br />

para a história, não percebemos que contribui para enriquecer, ao mesmo tempo,<br />

o conhecimento geral <strong>da</strong> língua, <strong>da</strong> literatura, do pensamento coletivo e <strong>da</strong>s<br />

estruturas sociais <strong>da</strong> civilização estu<strong>da</strong><strong>da</strong>.<br />

A menos que seja publicado, o trabalho não estará completo, por não<br />

se encontrar disponível para a comuni<strong>da</strong>de dos estudiosos. Deve -se ter em<br />

vista pelo menos uma classificação <strong>da</strong>s fontes investiga<strong>da</strong>s, com introdução,<br />

notas e índice, que constitua um arquivo aberto a todos. Muitas vezes, o<br />

trabalho é combinado com a publicação de um estudo baseado, em parte<br />

ou completamente, nesse corpus. Nenhum editor publicaria todo o material,<br />

variantes inclusive, e a interpretação dos <strong>da</strong>dos. Além disso, uma síntese não<br />

comporta uma vasta massa de documentos em bruto. Assim, ca<strong>da</strong> trabalho<br />

deverá explicar como as tradições foram coleta<strong>da</strong>s e fornecer uma breve lista<br />

de fontes e informantes, que possibilitará ao leitor formar uma opinião sobre a<br />

quali<strong>da</strong>de <strong>da</strong> coleta e compreender por que o autor escolheu uma determina<strong>da</strong><br />

fonte em vez de outra. Pela mesma razão, ca<strong>da</strong> fonte oral deve ser cita<strong>da</strong><br />

separa<strong>da</strong>mente no trabalho. O trabalho que diz “A tradição conta que…” faz<br />

uma generalização perigosa.<br />

Resta um tipo especializado de publicação: as edições de textos. Neste caso,<br />

seguimos as mesmas normas utiliza<strong>da</strong>s na publicação de manuscritos. Na prática,<br />

isso geralmente conduz a uma colaboração entre vários especialistas. Nem todo<br />

pesquisador é, ao mesmo tempo, historiador, linguista e etnólogo. De fato, as<br />

melhores edições de textos disponíveis até agora são quase to<strong>da</strong>s trabalhos<br />

interdisciplinares de colaboradores, dos quais ao menos um é linguista. A edição<br />

de textos é uma tarefa árdua e ingrata, o que explica por que há tão poucos<br />

publicados. Entretanto, seu número vem aumentando, graças à colaboração de<br />

especialistas em literatura oral africana.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!