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Metodologia e Pré-História da África - unesdoc - Unesco

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Quadro cronológico <strong>da</strong>s fases pluviais e glaciais <strong>da</strong> <strong>África</strong><br />

profundi<strong>da</strong>de máxima de 11 m. O lago está separado de duas grandes depressões,<br />

Bodélé e Djourab, por um divisor de águas de pequena altitude, cortado pelo<br />

vale seco do Bahr el -Ghazal. A mais baixa linha de margem do lago Chade<br />

atual, 4 -6 m, permitiria que suas águas transbor<strong>da</strong>ssem na depressão de Bodélé,<br />

a 500 km de distância. No seu nível mais alto, 322 m, o ancestral do Chade<br />

no Pleistoceno deixou linhas de margem bastante níti<strong>da</strong>s a 40 e 50 m, o que<br />

corresponde a uma área de 400000 km 2 . Foram também registrados vestígios<br />

mais descontínuos de linhas de margem intermediárias. Grove e Pullan (1963)<br />

mostram que a grande per<strong>da</strong> por evaporação do lago atual é amplamente<br />

compensa<strong>da</strong> pelo débito do Logone e do Chari, ao sul. Esses autores calculam<br />

que a evaporação do lago no Pleistoceno deve ter sido seis vezes maior, de sorte<br />

que teria recebido, anualmente, um volume de água igual a um terço do débito<br />

anual do Zaire.<br />

Butzer (1964) afirma com razão que o antigo mar do Chade representa,<br />

portanto, excelente testemunho em favor de uma maior umi<strong>da</strong>de nas latitudes<br />

tropicais subúmi<strong>da</strong>s. Infelizmente, não foi possível correlacionar as linhas de<br />

margem <strong>da</strong>s diferentes partes <strong>da</strong> bacia. A cama<strong>da</strong> de terrenos do Pleistoceno de<br />

600 m de espessura subjacente a algumas partes <strong>da</strong> bacia mostra a complexi<strong>da</strong>de<br />

e a longa história deste mar interior. No caso do Nigéria, Grove e Pullan (1963)<br />

sugerem que, após um período em que o nível do lago ultrapassava o nível atual<br />

de 52 m, durante o Pleistoceno Superior, o clima tornou -Se seco, com formação<br />

de grandes dunas no antigo sítio do lago. Ao estabelecimento posterior de<br />

uma nova rede hidrográfica, seguiu -se um outro período úmido, tendo o nível<br />

do lago aumentado de pelo menos 12 m durante o Holoceno. Pode -se dizer,<br />

por conseguinte, que dois movimentos positivos do lago, ain<strong>da</strong> mal analisados,<br />

parecem ter ocorrido antes de 21000 B.P. Sucedeu -se um longo intervalo de<br />

dessecação e ativi<strong>da</strong>de eólica até pouco antes de 12000 B.P., quando o lago<br />

reiniciou sua expansão, atingindo um nível máximo há cerca de 10000 anos B.P.,<br />

com transbor<strong>da</strong>mentos ao menos intermitentes. Este período de cheia durou até<br />

4000 B.P. aproxima<strong>da</strong>mente.<br />

A história deste mar interior no Pleistoceno Superior e no Holoceno parece,<br />

assim, coincidir, salvo em alguns detalhes, com a <strong>da</strong>s bacias <strong>da</strong> <strong>África</strong> oriental.<br />

O lago Sudd, no Sudão meridional, representa, na opinião do autor deste<br />

capítulo, outro grande mar interior que teve provavelmente uma história<br />

semelhante à <strong>da</strong> bacia do Chade. O Sudd é um lago extinto que se supõe ter<br />

coberto a região <strong>da</strong> bacia superior do Nilo, estendendo -se até o Nilo Branco,<br />

partes do Nilo Azul e do Bahr el -Ghazal. A ideia <strong>da</strong> existência deste antigo<br />

lago partiu de engenheiros de irrigação que trabalhavam no Egito (Lombardini,<br />

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