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Metodologia e Pré-História da África - unesdoc - Unesco

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<strong>Pré</strong> -<strong>História</strong> <strong>da</strong> <strong>África</strong> Central<br />

nossos conhecimentos baseiam -se unicamente nas coletas de superfície. Mas é<br />

preciso ter em conta que a arqueologia na <strong>África</strong> Central se depara com muitas<br />

dificul<strong>da</strong>des. Algumas áreas, como o norte, por exemplo, não se prestam muito<br />

bem a escavações em razão <strong>da</strong>s espessas crostas lateríticas, enquanto que na<br />

floresta as prospecções são difíceis.<br />

Outros fatores dificultam ain<strong>da</strong> mais a tarefa; de modo geral, as condições<br />

climáticas e a acidez dos terrenos não permitiram a conservação dos restos<br />

ósseos, o que explica sua ausência na maioria dos sítios estu<strong>da</strong>dos. Há, entretanto,<br />

exceções nota<strong>da</strong>mente em Ishango e em Matupi, onde o meio calcário possibilitou<br />

a boa conservação do material.<br />

A nomenclatura tem sido constantemente revisa<strong>da</strong>, e as subdivisões,<br />

discuti<strong>da</strong>s com frequência. A sucessão <strong>da</strong>s antiga, média e recente i<strong>da</strong>des <strong>da</strong><br />

pedra, entrecorta<strong>da</strong> por períodos intermediários, parece não ser mais aceitável,<br />

nem cronológica, nem tipologicamente. Após um período de rigorosas tentativas<br />

de classificação, volta -se a considerar muito relativas e provisórias essas amplas<br />

categorias.<br />

O estudo de sítios novos escavados e <strong>da</strong>tados sistematicamente confirma<br />

esse procedimento. Citemos como exemplo a recente I<strong>da</strong>de <strong>da</strong> Pedra: em 1959,<br />

J. D. Clark situava o início desse período por volta de 7500 B.P. Em 1971,<br />

obtínhamos para a gruta de Munyama, em Ugan<strong>da</strong>, uma <strong>da</strong>ta aproxima<strong>da</strong> de<br />

15.000 B.P. (van Noten, 1971) e, seis anos mais tarde, a indústria microlítica<br />

de Matupi era <strong>da</strong>ta<strong>da</strong> de 40.000 B.P. aproxima<strong>da</strong>mente (van Noten, 1977). Há,<br />

portanto, evidentes contradições entre a antiga classificação e as descobertas<br />

recentes.<br />

Ain<strong>da</strong> que os arqueólogos do mundo inteiro comecem a demonstrar um<br />

especial interesse pelo modo de vi<strong>da</strong> do homem pré -histórico, estu<strong>da</strong>ndo seu<br />

meio ambiente e tentando compreender as relações que mantinha com esse<br />

meio, a pré -história na <strong>África</strong> Central permaneceu durante muito tempo como<br />

um estudo de tipologia e de cronologia. Nessa nomenclatura, o espaço dedicado<br />

ao homem é mínimo.<br />

Em lugar de organizar um catálogo exaustivo de sítios, os quais, na maior<br />

parte <strong>da</strong>s vezes, mostram apenas descobertas de superfície, iremos concentrar-<br />

-nos nas raríssimas escavações sistemáticas que forneceram elementos para<br />

<strong>da</strong>tações: Ishango, Gombe, Bitorri, Kamoa, Matupi e Kalambo. Esses conjuntos<br />

de <strong>da</strong>dos extremamente dispersos deverão ser complementados com informações<br />

forneci<strong>da</strong>s pelo estudo de outras locali<strong>da</strong>des.<br />

Estamos mais do que nunca convencidos <strong>da</strong> impossibili<strong>da</strong>de de estabelecer<br />

grandes áreas culturais bem defini<strong>da</strong>s. Devemos nos limitar à constatação <strong>da</strong><br />

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