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Metodologia e Pré-História da África - unesdoc - Unesco

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210 <strong>Metodologia</strong> e pré -história <strong>da</strong> <strong>África</strong><br />

Thianaba, a serpente mítica peul, cuja len<strong>da</strong> narra as aventuras e a migração pela<br />

savana africana, a partir do oceano Atlântico. Por volta de 1921, o engenheiro<br />

Belime, encarregado de construir a barragem de Sansanding, teve a curiosi<strong>da</strong>de<br />

de seguir passo a passo as indicações geográficas <strong>da</strong> len<strong>da</strong>, que ele havia<br />

aprendido com Hammadi Djenngoudo, grande “Conhecedor” peul. Para sua<br />

surpresa, descobriu o traçado do antigo leito do rio Níger.<br />

Conclusão<br />

Para a <strong>África</strong>, a época atual é de complexi<strong>da</strong>de e de dependência. Os diferentes<br />

mundos, as diferentes mentali<strong>da</strong>des e os diferentes períodos sobrepõem -se,<br />

interferindo uns nos outros, às vezes se influenciando mutuamente, nem sempre<br />

se compreendendo. Na <strong>África</strong> o século XX encontra -se lado a lado com a I<strong>da</strong>de<br />

Média, o Ocidente com o Oriente, o cartesianismo, modo particular de “pensar”<br />

o mundo, com o “animismo”, modo particular de vivê -lo e experimentá -lo na<br />

totali<strong>da</strong>de do ser.<br />

Os jovens líderes “modernos” governam, com mentali<strong>da</strong>des e sistemas de lei,<br />

ou ideologias, diretamente her<strong>da</strong>dos de modelos estrangeiros, povos e reali<strong>da</strong>des<br />

sujeitos a outras leis e com outras mentali<strong>da</strong>des. Para exemplificar, na maioria<br />

dos territórios <strong>da</strong> antiga <strong>África</strong> ocidental francesa, o código legal elaborado logo<br />

após a independência, por nossos jovens juristas, recém -saídos <strong>da</strong>s universi<strong>da</strong>des<br />

francesas, está pura e simplesmente calcado no Código Napoleônico. O<br />

resultado é que a população, até então governa<strong>da</strong> segundo costumes sagrados<br />

que, her<strong>da</strong>dos de ancestrais, asseguravam a coesão social, não compreende por<br />

que está sendo julga<strong>da</strong> e condena<strong>da</strong> em nome de um “costume” que não é o seu,<br />

que não conhece e que não corresponde às reali<strong>da</strong>des profun<strong>da</strong>s do país.<br />

O drama todo do que chamarei de “<strong>África</strong> de base” é o de ser frequentemente<br />

governa<strong>da</strong> por uma minoria intelectual que não a compreende mais, através de<br />

princípios incompatíveis com a sua reali<strong>da</strong>de.<br />

Para a nova “inteligentsia” africana, forma<strong>da</strong> em disciplinas universitárias<br />

europeias, a Tradição muitas vezes deixou de viver. São “histórias de velhos”!<br />

No entanto, é preciso dizer que, de um tempo para cá, uma importante parcela<br />

<strong>da</strong> juventude culta vem sentindo ca<strong>da</strong> vez mais a necessi<strong>da</strong>de de se voltar às<br />

tradições ancestrais e de resgatar seus valores fun<strong>da</strong>mentais, a fim de reencontrar<br />

suas próprias raízes e o segredo de sua identi<strong>da</strong>de profun<strong>da</strong>.<br />

Por contraste, no interior <strong>da</strong> “<strong>África</strong> de base”, que em geral fica longe <strong>da</strong>s<br />

grandes ci<strong>da</strong>des – ilhotas do Ocidente –, a tradição continuou viva e, como já o

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