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Metodologia e Pré-História da África - unesdoc - Unesco

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324 <strong>Metodologia</strong> e pré -história <strong>da</strong> <strong>África</strong><br />

Tal classificação não permaneceu inconteste durante seu período de<br />

predominância (aproxima<strong>da</strong>mente 1910 -1950). Embora não figurasse nos<br />

manuais comuns, a crítica mais importante veio do próprio Westermann em<br />

seu relevante trabalho sobre as línguas su<strong>da</strong>nesas ocidentais (1927) 19 . Nesta obra,<br />

ele restringe sua concepção anterior <strong>da</strong>s línguas su<strong>da</strong>nesas às línguas do oeste<br />

<strong>da</strong> <strong>África</strong> e identifica, através de minuciosa documentação léxica e gramatical,<br />

um certo número de subgrupos distintos no interior do su<strong>da</strong>nês ocidental<br />

(por exemplo, o atlântico ocidental, o kwa e o gur). Mais importante ain<strong>da</strong> é<br />

o fato de ter assinalado as semelhanças de detalhe entre o su<strong>da</strong>nês ocidental<br />

e o bantu quanto ao vocabulário e à estrutura gramatical, sem, entretanto,<br />

afirmar seu parentesco de modo explícito. De fato, Sir Henry Johnston, em<br />

sua extensa obra sobre o bantu e o semibantu, tinha considerado muitas<br />

línguas <strong>da</strong> <strong>África</strong> ocidental como sendo aparenta<strong>da</strong>s ao bantu 20 . Tais línguas<br />

eram por ele denomina<strong>da</strong>s “semibantu”. Continuou, entretanto, a respeitar o<br />

critério tipológico, <strong>da</strong> classificação do nome, de modo que, se entre duas línguas<br />

estreitamente relaciona<strong>da</strong>s, uma possuísse classes nominais, era considera<strong>da</strong><br />

semibantu, enquanto a outra não.<br />

É necessário ain<strong>da</strong> mencionar brevemente outras classificações do período entre<br />

1910 e 1950, <strong>da</strong>s quais apenas a de Delafosse alcançou alguma difusão. A classificação<br />

proposta por A. Drexel procurou demonstrar a relação entre as famílias de línguas<br />

africanas e as culturas, relação esta postula<strong>da</strong> pela Kulturkreislehre. O africanista<br />

francês M. Delafosse, contrariamente aos pesquisadores alemães <strong>da</strong> época, limitou<br />

o camítico ao berbere, 21 ao egípcio e ao cuxita e reuniu to<strong>da</strong>s as outras línguas que<br />

não eram semíticas nem khoisan numa grande família negro -africana 22 . Além de<br />

identificar dezesseis ramíficações não -bantu, muitas <strong>da</strong>s quais fun<strong>da</strong>menta<strong>da</strong>s em<br />

critérios geográficos e não puramente linguísticos, Delafosse considerava, ao que<br />

parece, que o bantu deveria estar incluído entre as línguas negro -africanas. Parte<br />

<strong>da</strong> terminologia de Delafosse é ain<strong>da</strong> utiliza<strong>da</strong> correntemente entre africanistas de<br />

expressão francesa. Deve -se também mencionar Mlle. Homburger que, partindo<br />

19 WESTERMANN, D. 1927.<br />

20 JOHNSTON, S. H. 1919 -1922.<br />

21 Nota acrescenta<strong>da</strong> a pedido de um membro do Comitê: Esta classificação não é apenas contrária às<br />

opiniões de pesquisadores alemães, mas também à ver<strong>da</strong>de científica pura. Os linguistas norte -africanos<br />

apontaram os motivos políticos que levaram a escola colonialista francesa a classificar a língua berbere<br />

entre as línguas camito -semíticas. A reali<strong>da</strong>de é que o berbere é uma língua semítica, e mesmo uma <strong>da</strong>s<br />

mais antigas línguas dessa família, juntamente com o acadiano e o hebraico. Assim, não é nem camito-<br />

-semítico nem afro -asiático, como se diz em outras partes deste capítulo. Ver, particularmente, em árabe:<br />

M. El -Fasi: “O berbere, língua -irmã do árabe”, Atas <strong>da</strong> Academia do Cairo, 1971.<br />

22 DELAFOSSE, M. 1924, p. 46–560.

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