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Metodologia e Pré-História da África - unesdoc - Unesco

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Tendências recentes <strong>da</strong>s pesquisas históricas africanas e contribuição à história em geral<br />

seja, a possibili<strong>da</strong>de de levar em conta outro ponto de vista, que ele pode obter<br />

através de testemunhos orais de pessoas que viveram sob o domínio colonial.<br />

É provável que, no que se refere a técnicas recentes, os historiadores <strong>da</strong><br />

<strong>África</strong> estejam atrasados em relação e outros colegas; no entanto, quanto à<br />

utilização <strong>da</strong>s tradições orais <strong>da</strong> época pré -colonial, mais ain<strong>da</strong> que <strong>da</strong> colonial,<br />

eles realizaram um trabalho pioneiro. Esse trabalho divide -se em dois períodos.<br />

Entre 1890 e 1914, uma geração de administradores letrados, então a serviço<br />

<strong>da</strong>s potências coloniais, começou a assegurar a conservação <strong>da</strong>s tradições orais<br />

de importância histórica. O segundo período remonta ao início dos anos 60.<br />

O decênio 1950 -1960 terminou com a opinião formula<strong>da</strong> em 1959 por G. P.<br />

Murdock; segundo ele, “era impossível confiar nas tradições orais indígenas” 7 . A<br />

déca<strong>da</strong> seguinte abriu -se com a publicação de Jan Vansina, Oral tradition. A study<br />

in historical methodology. Ela indicava quais os controles e as críticas necessários<br />

para a utilização científica <strong>da</strong>s tradições orais. Os trabalhos históricos recentes,<br />

baseados na tradição oral, geralmente utiliza<strong>da</strong> em conjunto com outras fontes<br />

de documentação, podem ser considerados um sucesso notável 8 . O seminário<br />

de Dacar organizado em 1961 pelo International African Institute sobre o<br />

tema “O historiador na <strong>África</strong> tropical” e o de Dar -es -Salam, em 1965, sobre o<br />

tema “Novas perspectivas sobre a história africana” acentuaram vigorosamente<br />

a necessi<strong>da</strong>de de novos enfoques, sublinhando o papel insubstituível <strong>da</strong> tradição<br />

oral como fonte <strong>da</strong> história africana assim como todo o partido que o historiador<br />

pode tirar <strong>da</strong> linguística e <strong>da</strong> arqueologia informa<strong>da</strong> pela tradição oral.<br />

Graças a seus trabalhos sobre a época pré -colonial, os historiadores <strong>da</strong> <strong>África</strong><br />

já influenciaram as outras ciências sociais. Tal influência se faz sentir em diversos<br />

planos. Acima de tudo, foram eles que impuseram o reconhecimento do fato de<br />

que a <strong>África</strong> “tradicional” não permaneceu estática. Economistas, especialistas em<br />

ciências políticas, sociólogos, todos tendem a estu<strong>da</strong>r a modernização referindo-<br />

-se aos critérios “antes” e “depois”: “antes”, aplicado à “socie<strong>da</strong>de tradicional”,<br />

considera<strong>da</strong> como virtualmente sem mu<strong>da</strong>nças; “depois”, ao processo de<br />

modernização, que implicou uma transformação dinâmica <strong>da</strong> imagem anterior.<br />

Observadores <strong>da</strong> evolução, os historiadores estavam à espera <strong>da</strong>s mu<strong>da</strong>nças que<br />

não cessam de ocorrer nas socie<strong>da</strong>des humanas. Suas pesquisas dos últimos<br />

7 MURDOCK, G. P. 1959, p. 43.<br />

8 Ver, por exemplo, VANSINA, J. 1973; KENT, R. K. 1970; COHEN, D. W. 1972; o estudo de E. J.<br />

ALAGOA, resumido em parte no seu capítulo “The Niger Delta States and their Neighbours, 1609-<br />

-1900”. In: History of West Africa, de J. F. A. AJAYI e M. CROWDER, 2 v. (Londres, 1971), I: 269 -303;<br />

A. ROBERTS, 1968. Nairóbi; NIANE, D. T., 1960. <strong>Pré</strong>sence Africaine.<br />

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