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Metodologia e Pré-História da África - unesdoc - Unesco

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108 <strong>Metodologia</strong> e pré -história <strong>da</strong> <strong>África</strong><br />

Mesmo nas regiões costeiras pode -se constatar grandes diferenças no que diz<br />

respeito à informação histórica: em geral, a costa atlântica é mais bem provi<strong>da</strong><br />

de documentos escritos que a costa oriental, e também a quanti<strong>da</strong>de de material<br />

disponível para o antigo Congo, a Senegâmbia, a costa entre o cabo Palmas e o<br />

delta do Níger é muito maior que para a Libéria, Camarões, Gabão ou Namíbia,<br />

por exemplo. A situação difere também quanto aos períodos: há muito mais<br />

informação escrita para a costa oriental, Benin ou Etiópia nos séculos XVI e<br />

XVII que no XVIII, e, para o Saara, mais na primeira metade que na segun<strong>da</strong><br />

metade do século XIX.<br />

Devido a essa distribuição irregular dos materiais em relação tanto a<br />

espaço, tempo e caráter, quanto a sua origem e língua, é preferível examiná-<br />

-los sob diferentes critérios ao invés de adotar um único procedimento.<br />

Consequentemente, nós os apresentaremos, em alguns casos, de acordo com as<br />

regiões geográficas, em outros, de acordo com suas origens e caráter.<br />

<strong>África</strong> do Norte e Etiópia<br />

<strong>África</strong> do Norte<br />

Os materiais para a <strong>África</strong> do Norte de língua árabe, como os de outras partes<br />

do continente, passaram por algumas profun<strong>da</strong>s mu<strong>da</strong>nças em comparação<br />

com o período anterior, o mesmo não ocorrendo, no entanto, com as narrativas<br />

históricas locais, que continuaram, como anteriormente, a relatar os principais<br />

acontecimentos <strong>da</strong> maneira tradicional. Nenhuma figura comparável aos grandes<br />

historiadores árabes <strong>da</strong> I<strong>da</strong>de Média surgiu entre os cronistas e compiladores<br />

dessa época, e a abor<strong>da</strong>gem crítica do historiador, preconiza<strong>da</strong> por Ibn Khaldun,<br />

não foi segui<strong>da</strong> por seus sucessores. A historiografia árabe moderna só vai<br />

aparecer no século XX.<br />

As mu<strong>da</strong>nças que se fazem sentir dizem respeito principalmente a dois tipos<br />

de fontes: os documentos arquivísticos de diversas origens e os escritos europeus.<br />

Somente a partir do início do século XVI, os materiais primários, tanto em árabe<br />

como em turco, começam a aparecer em maior abundância. Os arquivos otomanos<br />

são comparáveis em volume e importância aos mais ricos <strong>da</strong> Europa, mas, àquela<br />

época, raramente eram utilizados e estu<strong>da</strong>dos por historiadores dessa parte <strong>da</strong><br />

<strong>África</strong>. É do mesmo período que remontam os arquivos secundários dos países que<br />

faziam parte do Império Otomano (Egito, Tripolitânia, Tunísia e Argélia) 1 . Um caso<br />

1 DENY, J. 1930; MANTRAN, R. 1965; LE TOURNEAU, R. 1954.

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