29.03.2013 Views

Metodologia e Pré-História da África - unesdoc - Unesco

Metodologia e Pré-História da África - unesdoc - Unesco

Metodologia e Pré-História da África - unesdoc - Unesco

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

260 <strong>Metodologia</strong> e pré -história <strong>da</strong> <strong>África</strong><br />

complexo de línguas chamado cuxita (somali, galla, si<strong>da</strong>mo, mbugu, etc.). A<br />

classificação de Dolgopoljskij articula -se sobre uma reconstrução de ordem<br />

fonológica a partir de exemplos limitados. Ele compara, particularmente, as<br />

labiais (p, b, f ) e as dentais (t, d) <strong>da</strong>s línguas que analisa e classifica numa dezena<br />

de subgrupos, enquanto seus colegas identificam de três a cinco.<br />

J. H. Greenberg, por sua vez, negligencia os <strong>da</strong>dos fonológicos, morfológicos<br />

e gramaticais, concentrando -se principalmente na comparação do vocabulário.<br />

Mas aqui os empréstimos representam um papel considerável. A classificação<br />

de A. Tucker e A. Bryan, que fazem críticas ao método de Greenberg, baseia -se<br />

numa comparação do sistema pronominal e <strong>da</strong> estrutura verbal. Eles próprios<br />

consideram “ambíguos” alguns dos idiomas que reagrupam e enfatizam que seu<br />

esforço tem o caráter de pura tentativa.<br />

Pode -se constatar que as conclusões adianta<strong>da</strong>s aqui valem principalmente<br />

por seu aspecto provisório.<br />

Reencontramos as mesmas dificul<strong>da</strong>des no que diz respeito às línguas<br />

geograficamente delimita<strong>da</strong>s pelo oeste atlântico, localiza<strong>da</strong>s na costa que vai do<br />

sul <strong>da</strong> Mauritânia à Serra Leoa. Em 1854, Koelle as classifica em seu Polyglotta<br />

Africana sob a rubrica “oeste -atlântico” e baseia sua identificação nas mu<strong>da</strong>nças<br />

de prefixos ou na inflexão inicial ou final que apresentam. Esse é um traço típico<br />

do bantu, mas não é suficiente para definir um grupo.<br />

De resto, Koelle vai considerar mais tarde o conjunto dessas línguas como<br />

“não classifica<strong>da</strong>s”. M. Delafosse em 1924 31 e D. Westermann em 1928 afirmam<br />

que se trata de um grupo genético. Em 1963, Greenberg 32 adota o mesmo ponto<br />

de vista, considerando -as o grupo mais ocidental <strong>da</strong> família níger -congo.<br />

No mesmo ano, contudo, Wilson 33 e D. A. Dalby 34 , embora notando as<br />

semelhanças tipológicas no interior do conjunto, negam qualquer possibili<strong>da</strong>de<br />

de o encarar como um grupo linguístico homogêneo e aparentado. Em detalhes<br />

de morfologia, sintaxe e vocabulário, escreve Wilson, o grupo oeste -atlântico<br />

ou senegalês -guineense está longe de representar uma uni<strong>da</strong>de. De fato, os<br />

trabalhos recentes publicados em 1974 por D. Sapir 35 mostram que não há<br />

mais de 5 a 10% de vocabulário comum entre a grande maioria dessas línguas,<br />

parecendo ser a geografia o único fator que as unifica na maior parte dos casos,<br />

31 DELAFOSSE, M. 1924.<br />

32 GREENBERG, J. H. 1963.<br />

33 WILSON, W. 1966.<br />

34 DALBY, D. A. 1965.<br />

35 SAPIR, D. 1974.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!