29.03.2013 Views

Metodologia e Pré-História da África - unesdoc - Unesco

Metodologia e Pré-História da África - unesdoc - Unesco

Metodologia e Pré-História da África - unesdoc - Unesco

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

A arte pré -histórica africana<br />

ver<strong>da</strong>deira natureza <strong>da</strong>s aspirações humanas. Em vez de nos deixarmos levar<br />

por polêmicas, contentemo -nos com as indicações forneci<strong>da</strong>s pelo mito; elas<br />

são suficientemente explícitas” 17 .<br />

Nessas condições, o simbolismo mitológico e cosmogônico é a chave<br />

principal para explorar o universo <strong>da</strong> arte rupestre. L. Frobenius desenvolveu<br />

brilhantemente as mesmas teses, embora ele acrescente também considerações<br />

sociológicas.<br />

Diz -se que, em Leeufontein, o leão foi gravado sobre a face lateral <strong>da</strong> rocha<br />

para ser iluminado pelos primeiros raios do sol porque ele representa o astro<br />

do dia, enquanto o rinoceronte está voltado para o poente por ser espírito <strong>da</strong><br />

noite e <strong>da</strong> escuridão. O rinoceronte, cujos chifres simbolizam o crescente <strong>da</strong> lua<br />

nova, é considerado pela tradição como o assassino <strong>da</strong> lua. E. Holm refere -se<br />

também à “finali<strong>da</strong>de ritual” <strong>da</strong>s cavernas situa<strong>da</strong>s nos maciços afastados. A<br />

len<strong>da</strong> cosmogônica, coleta<strong>da</strong> entre os San no século XIX pelo filólogo alemão<br />

Willem Bleek, levou -o a afirmar que eles “não fazem distinção entre a matéria e<br />

o espírito”. O antílope do Cabo desenhado com os membros atrofiados simboliza<br />

a lua nascente. Quando aparece diante de figuras humanas, como na galeria de<br />

Herenveen (Drakensberg), presume -se que esteja sendo adorado. O ágil cabrito<br />

montês listrado de vermelho simboliza a tempestade, o louva -a -deus simboliza<br />

o raio e o elefante, a nuvem de chuva (como vemos no Monte Saint -Paul,<br />

Drakensberg). Esse mito pode ser encontrado não somente em outras partes <strong>da</strong><br />

<strong>África</strong> (Philipp Cave na Namíbia, Djebel Bes Seba e Ain Guedja na Argélia),<br />

mas também num marfim gravado em La Madeleine, na França.<br />

O magnífico antílope do Cabo, no museu do Transvaal, apresenta uma<br />

pelagem cor de mel; isso indicaria simplesmente que o antílope foi criado pelo<br />

louva -a -deus, encarnação do sol, e que o louva -a -deus, a fim de lustrar o pelo<br />

do animal, ungiu -o com mel puro. Se, por vezes, a zebra quagga foi pinta<strong>da</strong><br />

sem listras, como na caverna de Nswatugi, nos montes Matopo, no Zimbabwe,<br />

é porque originariamente a zebra não era listra<strong>da</strong>. Ela só adquiria as marcas<br />

em sua pelagem depois de seu dorso ter sido queimado pelos raios do sol. De<br />

acordo com esse ponto de vista, bastaria possuir, nos seus menores detalhes, o<br />

“metabolismo panteísta” <strong>da</strong>s origens africanas para dispor de uma espécie de<br />

chave mestra que permitiria decifrar todos os enigmas <strong>da</strong> arte rupestre africana,<br />

qualifica<strong>da</strong> como “atemporal como omito”. Mas, confessemos, isto é mais bonito<br />

que ver<strong>da</strong>deiro.<br />

17 HOLM, E. L’ Art <strong>da</strong>ns te Monde. L’Age de pierre, p. 183 et seqs.; p. 170 et seqs., etc.<br />

761

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!