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Metodologia e Pré-História da África - unesdoc - Unesco

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702 <strong>Metodologia</strong> e pré -história <strong>da</strong> <strong>África</strong><br />

na gruta de Kakimbon ela só apareceu na cama<strong>da</strong> superior 82 . As escavações<br />

efetua<strong>da</strong>s no abrigo sob a rocha de Blande, na extremi<strong>da</strong>de sudeste <strong>da</strong> República<br />

<strong>da</strong> Guiné, revelaram igualmente uma indústria que incluía machados de pedra e<br />

cerâmica, junto com instrumentos bifaciais de grande porte que lembram as <strong>da</strong>s<br />

cavernas de Kindia e Futa Djalon, mas sem qualquer elemento microlítico 83 . Os<br />

micrólitos também não aparecem na caverna de Yengema, em Serra Leoa, onde<br />

o nível mais antigo revelou a presença de uma pequena indústria de lascas de<br />

quartzo, compara<strong>da</strong> pelo pesquisador à indústria de Ishango, do lago Eduardo;<br />

no nível médio, os picões e as “enxa<strong>da</strong>s” bifaciais – que se parecem com parte do<br />

material <strong>da</strong>s cavernas guineenses – são considerados pelo pesquisador como um<br />

complexo industrial lupembiense; por fim, o nível superior revelou machados<br />

de pedra e cerâmica que foram situados, com base em duas <strong>da</strong>tações feitas por<br />

termoluminescência, no período de -2000 a -1750 84 . De qualquer modo, aparece<br />

um elemento microlítico nos dois outros abrigos sob a rocha, explorados mais ao<br />

norte de Serra Leoa, em Yagala e Kamabai; as <strong>da</strong>tações feitas por radiocarbono<br />

indicam aqui uma fase <strong>da</strong> Late Stone Age que vai de -2500 até o século VII<br />

<strong>da</strong> Era Cristã 85 .<br />

Parece que nessa parte oeste <strong>da</strong> <strong>África</strong> ocidental, nos sítios mais meridionais,<br />

teria sobrevivido relativamente inaltera<strong>da</strong> uma tradição <strong>da</strong> Middle Stone Age<br />

(que pode também existir em Dacar e Bamaco); parece também que ela não teria<br />

nem inventado nem adotado a técnica microlítica; é bem possível que as razões<br />

sejam de ordem ecológica, pois a técnica microlítica está associa<strong>da</strong> à economia <strong>da</strong><br />

região <strong>da</strong>s savanas, onde a caça desempenhava um papel relevante. Se assinalarmos<br />

a distribuição dos sítios sem micrólitos (Conacri, Yengema, Blandé) e traçarmos<br />

uma linha de demarcação entre esses últimos e os sítios que possuem micrólitos<br />

(Kamabai, Yagala, Kindia, Nhampassere), perceberemos que essa linha é bem<br />

próxima <strong>da</strong> que separa a floresta <strong>da</strong> savana. As novas técnicas de machados<br />

polidos e de cerâmica chegaram a essa região posteriormente, provenientes<br />

do norte. A <strong>da</strong>ta <strong>da</strong> aparição dessas influências situa -se aproxima<strong>da</strong>mente na<br />

metade do terceiro milênio antes <strong>da</strong> Era Cristã, o que corresponde ao momento<br />

em que o dessecamento do Saara se completa; é pois razoável aproximar esses<br />

dois eventos e ver neles a influência <strong>da</strong> migração <strong>da</strong>s populações para fora<br />

do Saara. Embora não tenhamos ain<strong>da</strong> nenhuma evidência osteológica a esse<br />

82 HAMY, E. T. 1900.<br />

83 HOLAS, B. 1950, 1952; HOLAS, B. e MAUNY, R. 1953.<br />

84 COON, C. S. 1968.<br />

85 ATHERTON, J. H. 1972.

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