29.03.2013 Views

Metodologia e Pré-História da África - unesdoc - Unesco

Metodologia e Pré-História da África - unesdoc - Unesco

Metodologia e Pré-História da África - unesdoc - Unesco

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

814 <strong>Metodologia</strong> e pré -história <strong>da</strong> <strong>África</strong><br />

Dentre os sítios do Amratiense, agrupados entre Assiut (ao norte) e Tebas<br />

(ao sul), destacam -se os de Naga<strong>da</strong>, Ballas, Hou e Abidos. É lamentável não se<br />

conhecer, no grupo do norte, nenhum sítio contemporâneo do Amratiense, tanto<br />

mais que, neste último, percebem -se nítidos vestígios de contato entre o norte e o<br />

sul, principalmente pela existência de vasos de pedra com formas características<br />

do <strong>Pré</strong> -Dinástico setentrional em meio ao mobiliário funerário amratiense. Nas<br />

práticas funerárias na<strong>da</strong> indica que tenha ocorrido uma mu<strong>da</strong>nça de organização<br />

social entre o <strong>Pré</strong> -Dinástico Primitivo e o <strong>Pré</strong> -Dinástico Antigo do Amratiense.<br />

Observa -se ain<strong>da</strong> a existência de comuni<strong>da</strong>des constituí<strong>da</strong>s de indivíduos que<br />

gozam de igual<strong>da</strong>de social, mesmo sob a autori<strong>da</strong>de de um único chefe ou de<br />

um grupo de indivíduos.<br />

Após um século de existência, talvez menos, a cultura amratiense incorpora-<br />

-se a uma nova e complexa cultura que mistura elementos do Amratiense com<br />

outros de origem incontestavelmente setentrional. Essa cultura mista, o <strong>Pré</strong>‑<br />

‑Dinástico Médio [= Negadiense II e talvez Omariense A] ou Gerzeense (Naga<strong>da</strong><br />

II na nomenclatura de Petrie), deriva seu nome do sítio de Gerzeh 33 , no Baixo<br />

Egito, perto do Faium, onde aparece com maior evidência. Apresenta dois<br />

aspectos, um puramente gerzeense ao norte, outro misturando amratiense e<br />

gerzeense ao sul 34 .<br />

Essa nova cultura encontra -se centraliza<strong>da</strong>, ao norte, na região ao redor de<br />

Mênfis, do Faium e <strong>da</strong> extremi<strong>da</strong>de sul do Delta. É sobretudo na cerâmica<br />

que o Gerzeense setentrional manifesta sua originali<strong>da</strong>de, com vasos de cor<br />

amarelo -clara, fabricados com material bem diferente <strong>da</strong>quele utilizado na<br />

cerâmica produzi<strong>da</strong> no sul. A decoração é naturalista, ocre avermelha<strong>da</strong> sobre<br />

fundo claro, com novos temas: montanhas, íbis, flamingos, aloés e sobretudo<br />

embarcações. Como os artesãos do Faium -A, dos quais são sucessores, os do<br />

Gerzeense fabricam vasos de pedra, mas utilizam xisto e outras rochas mais<br />

duras: brecha, basalto, diorito, serpentina. A arma típica dessa cultura é a clava<br />

piriforme 35 que se tornará a arma real por excelência nos primórdios <strong>da</strong> <strong>História</strong><br />

e será, como a clava do Amratiense, um dos caracteres <strong>da</strong> escrita hieroglífica 36 .<br />

Nota -se também uma evolução social e religiosa. Agora os mortos são<br />

enterrados em túmulos retangulares, com a cabeça volta<strong>da</strong> para o norte, de<br />

33 A aldeia de EIl-Gerzeh está situa<strong>da</strong> na latitude do Faium, portanto bem ao sul do atual Cairo; o sítio pré-<br />

-dinástico foi escavado em 1911. Cf. W. M. F. PETRIE, E. MACKAY e G. WAINWRIGHT, 1912.<br />

34 J. VERCOUTTER, 1967, p. 245 -67, e J. VANDIER, op. cit., p. 248 -52 e 436 -96.<br />

35 W. M. F. PETRIE, op. cit., il. XXVI e p. 22 -24.<br />

36 A. H. GARDINER, op. cit., p. 510, quadro 3.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!