29.03.2013 Views

Metodologia e Pré-História da África - unesdoc - Unesco

Metodologia e Pré-História da África - unesdoc - Unesco

Metodologia e Pré-História da África - unesdoc - Unesco

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

250 <strong>Metodologia</strong> e pré -história <strong>da</strong> <strong>África</strong><br />

por outro lado, de as línguas pertencerem à mesma família e serem de tipos<br />

diferentes. Seu parentesco é estabelecido a partir de um vocabulário comum<br />

convincente, mesmo que tenham evoluído em bases estruturais divergentes. Às<br />

vezes, devido ao empréstimo e ao abandono de vocabulário, a diferença pode<br />

aparecer mesmo no plano do léxico. As classificações elabora<strong>da</strong>s para as línguas<br />

africanas não agrupam, por exemplo, certos elementos <strong>da</strong>s famílias chádica<br />

e senegalês -guineense. Contudo, a consideração dos sistemas fonológicos, <strong>da</strong><br />

morfologia e <strong>da</strong> estrutura sintática impõe o reagrupamento tipológico de pelo<br />

menos a maior parte dessas línguas.<br />

Classificação geográfica<br />

Reflete sobretudo uma tendência instintiva para comparar e reagrupar línguas<br />

que coexistem numa área. Quase sempre é resultado de informação insuficiente.<br />

As classificações propostas para a <strong>África</strong> são muito frequentemente<br />

geográficas em setores essenciais. Por esse motivo, elas deixam de lado alguns<br />

fenômenos como a migração e a imbricação dos povos. Koelle, M. Delafosse, D.<br />

Westermann e J. Greenberg fazem referência principalmente a denominações e<br />

agrupamentos topológicos e geográficos. Eles estabelecem categorias tais como<br />

“oeste -atlântico”, “níger -congo”, “senegalês -guineense”, “nígerochádico”, etc.<br />

Uma classificação rigorosa <strong>da</strong>s línguas africanas requer procedimentos que<br />

demonstrem que as formas, o vocabulário e as estruturas linguísticas propostas<br />

como elementos de comparação são não apenas representativos, mas fazem parte<br />

do patrimônio original <strong>da</strong>s línguas compara<strong>da</strong>s. A semelhança não deve ser,<br />

portanto, resultado de empréstimos ou de contatos antigos ou recentes.<br />

Sabemos que, por motivos históricos, o árabe e as línguas semitas, como<br />

também o francês, o português, o africâner e o inglês depositaram, por vários<br />

séculos e mesmo alguns milênios, uma quanti<strong>da</strong>de considerável de vocabulário<br />

em muitas línguas africanas. Algumas variantes do kiswahili, que é uma língua<br />

bantu, contêm mais de 60% de empréstimos lexicais do árabe. Daí a concluir –<br />

por paixão religiosa ou falta de precaução científica – que o kiswahili pertence ao<br />

grupo semito -árabe, há apenas um passo. Algumas vezes, chegou -se realmente<br />

a essa conclusão.<br />

Com o tempo, as formas originalmente comuns a mais de uma língua podem<br />

ter sofrido transformações de ordem fonética, morfológica ou estrutural. Essa<br />

evolução, que obedece a certas leis, é um fenômeno conhecido e analisável.<br />

O significado dessas formas, o significado <strong>da</strong>s palavras que fazem parte do<br />

vocabulário a ser comparado, pode ter variado dentro dos limites de um campo

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!