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Metodologia e Pré-História da África - unesdoc - Unesco

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Migrações e diferenciações étnicas e linguísticas<br />

Tudo leva a crer que se trata do resultado de uma a<strong>da</strong>ptação muito antiga de um<br />

certo tipo físico ao meio ambiente e que esse processo ocorreu durante um longo<br />

período de isolamento. Atualmente os Pigmeus podem ser encontrados nas<br />

florestas dos Camarões, no Gabão e em algumas regiões <strong>da</strong> República Centro-<br />

-Africana, no Zaire e em Ruan<strong>da</strong>. Parece certo, porém que no passado ocuparam<br />

uma área muito maior. Nas tradições orais de certos povos <strong>da</strong> <strong>África</strong> ocidental<br />

faz -se referência a grupos de anões que viviam na floresta antes <strong>da</strong> chega<strong>da</strong> dos<br />

povos de maior estatura. É certo que também na Europa ocidental algumas<br />

len<strong>da</strong>s falam de gnomos ferreiros que habitavam as montanhas. As tradições<br />

africanas, porém, não parecem provir unicamente <strong>da</strong> imaginação popular, na<br />

medi<strong>da</strong> em que coincidem com certas fontes históricas que indicam a existência<br />

de Pigmeus em regiões onde atualmente eles são encontrados.<br />

A mais antiga menção aos Pigmeus é encontra<strong>da</strong> no Egito, em inscrições<br />

que <strong>da</strong>tam <strong>da</strong> sexta dinastia do Antigo Império. Nas paredes do túmulo de<br />

Herkhuf 3 , em Assuã, está inscrito o texto de uma carta do faraó Pépi II, em que<br />

o jovem rei agradece o monarca por ter -lhe presenteado com um anão chamado<br />

Deng, palavra que é encontra<strong>da</strong> nas línguas modernas <strong>da</strong> Etiópia: em amárico<br />

e seus diversos dialetos, e também nas línguas tigrina, galla, kambatta e outras,<br />

nas formas denk, <strong>da</strong>nk, dinki, donku, dinka 4 . A carta refere que, um século antes,<br />

sob a V dinastia, um anão semelhante tinha sido levado ao faraó Isesi. Cabe<br />

lembrar, em relação a esses fatos, o relato de um viajante inglês mencionando<br />

a presença de anões doko na Etiópia meridional. Pode -se assim deduzir que no<br />

passado existiram anões nas regiões atualmente ocupa<strong>da</strong>s pela República do<br />

Sudão e pela Etiópia.<br />

Os pigmeus <strong>da</strong> floresta equatorial e tropical foram aos poucos cedendo lugar a<br />

novas populações, constituí<strong>da</strong>s de indivíduos de alta estatura que falavam línguas<br />

bantu. Os pigmeus autóctones recuaram progressivamente para as regiões mais<br />

remotas <strong>da</strong>s florestas de Ituri e Uele, como testemunha o Nsong -a -Lianja, ciclo<br />

épico dos Mongo sobre o povoamento do vale do Zaire. Outros povos bantu<br />

possuem relatos semelhantes. Assim, pode -se concluir que os grupos isolados de<br />

Pigmeus que subsistem atualmente são os testemunhos de uma população mais<br />

extensa, que ocupava as florestas tropicais e equatoriais <strong>da</strong> <strong>África</strong>.<br />

Os San constituem outro grupo muito original do continente africano. São<br />

de pequena estatura, têm a pele amarela<strong>da</strong> ou acobrea<strong>da</strong> e cabelo em pequenos<br />

tufos. Nos estudos antropológicos, eles ain<strong>da</strong> são colocados junto aos Khoi -Khoi,<br />

3 A transliteração correta desse nome é Hrw -hwif - hwif (Herzog, R. 1938, p. 95).<br />

4 LESLAU, W. 1963, p. 57.<br />

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