29.03.2013 Views

Metodologia e Pré-História da África - unesdoc - Unesco

Metodologia e Pré-História da África - unesdoc - Unesco

Metodologia e Pré-História da África - unesdoc - Unesco

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

A arte pré -histórica africana<br />

é ver<strong>da</strong>de que, segundo a expressão de J. Ruffie, “o homem na origem é um<br />

animal tropical” africano, as condições tempera<strong>da</strong>s do norte após as grandes<br />

glaciações permitiram a colonização humana <strong>da</strong> Europa, que culminou com o<br />

esplêndido desabrochar <strong>da</strong> arte <strong>da</strong>s galerias subterrâneas, há quarenta séculos.<br />

A arte mural africana é muito posterior. Na opinião de certos autores, como E.<br />

Holm, suas origens <strong>da</strong>tam do Epipaleolítico; mas ela marcou essencialmente o<br />

período Neolítico 4 .<br />

Tomou -se o hábito de batizar os grandes períodos <strong>da</strong> arte mural com o<br />

nome do animal que lhe serve de referência tipológica. Assim, quatro grandes<br />

sequências foram caracteriza<strong>da</strong>s pelo búbalo, o boi, o cavalo e o camelo.<br />

O búbalo (Bubalus antiquus) era uma espécie de búfalo gigantesco que <strong>da</strong>ta,<br />

segundo os paleontólogos, do início do Quaternário. É representado desde o<br />

começo <strong>da</strong> arte rupestre (aproxima<strong>da</strong>mente 9000 B.P.) até cerca do ano 6000<br />

B.P. Outros animais que marcam este período são o elefante e o rinoceronte.<br />

Quanto ao boi, trata -se tanto do Bos ibericus ou bachyceros, com chifres curtos e<br />

grossos, como do Bos africanus, dotado de magníficos chifres em forma de lira.<br />

Ele aparece por volta do ano 6000 B.P.<br />

O cavalo (Equus caballus) aparece por volta do ano 3500 B.P., por vezes<br />

atrelado a um carro 5 . O estilo do galope aéreo, embora não seja realista, é<br />

naturalista na trilha ocidental do Marrocos ao Sudão, sendo, contudo, muito<br />

esquematizado na “rota” oriental do Fezzan 6 . Aqui já estamos há muito no<br />

período histórico em que o hipopótamo desaparece <strong>da</strong>s representações rupestres,<br />

o que sem dúvi<strong>da</strong> indica o fim <strong>da</strong>s águas perenes. O camelo fecha a fila desta<br />

4 O Neolítico saariano mostra -se ca<strong>da</strong> vez mais antigo à luz <strong>da</strong>s descobertas recentes. Um sítio neolítico<br />

que continha cerâmica no maciço de Hoggar foi <strong>da</strong>tado de 8450 B.P. pelo método do carbono 14; é,<br />

pois, praticamente contemporâneo do Neolítico do oriente próximo. Ver também as <strong>da</strong>tas sugeri<strong>da</strong>s por<br />

D. Olderogge no Capítulo XI para dois sítios na Núbia: Ballana (12.050 B.P.) e Toshké (12.550 B.P.).<br />

Em In -Itinem foram encontrados restos de alimentos em um abrigo sob rocha decorado com pinturas<br />

do período bovidiano. A ocupação mais antiga foi <strong>da</strong>ta<strong>da</strong> pelo carbono 14 de 4860 ±250 B. P. No maciço<br />

de Acacus (Líbia), F. Mori encontrou, entre duas cama<strong>da</strong>s com restos de ocupação, um fragmento de<br />

parede desaba<strong>da</strong> com pintura do período bovidiano. As duas cama<strong>da</strong>s foram <strong>da</strong>ta<strong>da</strong>s, descobrindo -se<br />

que o fragmento de parede <strong>da</strong>ta de 4730 B.P. (Ver H. LHOTE, 1976, p. 102 e 109). Também é cita<strong>da</strong><br />

a <strong>da</strong>ta de 7450 B.P. para o período bovidiano médio de Acacus, cf. H. J. HUGOT, 1974, p. 274. J. D.<br />

CLARK indica uma <strong>da</strong>ta de 6310 ±250 B.P. para Solwezi (Zâmbia). Por outro lado, a <strong>da</strong>ta indica<strong>da</strong> na<br />

tese de J. T. LOUW para o abrigo de Mattes (Província do Cabo, 11.250 ±400 B.P.) é considera<strong>da</strong> pouco<br />

segura. O caso de Tin -Hanakatem é extraordinário: pode -se estabelecer uma correlação entre os afrescos<br />

e to<strong>da</strong> uma série de níveis neolíticos e proto -históricos que contêm esqueletos, ou seja, uma estratigrafia<br />

humana fácil de <strong>da</strong>tar, incluindo até mesmo um nível ateriense. Cf. “Découverte exceptionnelle au<br />

Tassili”, Archeologia, n. 94, maio 1976, p. 28 e 29.<br />

5 A chega<strong>da</strong> do cavalo à <strong>África</strong> é frequentemente relaciona<strong>da</strong> à chega<strong>da</strong> dos hicsos ao Egito. Ver a esse<br />

respeito J. KI -ZERBO, 1973, p. 99.<br />

6 A respeito <strong>da</strong>s “rotas dos carros”, ver R. MAUNY, 1961.<br />

747

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!