29.03.2013 Views

Metodologia e Pré-História da África - unesdoc - Unesco

Metodologia e Pré-História da África - unesdoc - Unesco

Metodologia e Pré-História da África - unesdoc - Unesco

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

836 <strong>Metodologia</strong> e pré -história <strong>da</strong> <strong>África</strong><br />

Daí a liberação e o crescimento <strong>da</strong> caixa craniana, onde os centros sensitivo-<br />

-motores do córtex se desenvolvem. Além disso, a mão confronta o homem com<br />

o mundo natural. É uma antena que capta um número infinito de mensagens,<br />

as quais organizam o cérebro e o fazem chegar ao julgamento, particularmente<br />

através do conceito de meios apropriados para alcançar um <strong>da</strong>do fim (princípio<br />

de identi<strong>da</strong>de e causali<strong>da</strong>de).<br />

Após terem aprendido a lascar grosseiramente a pedra, quebrando -a de modo<br />

desigual em pe<strong>da</strong>ços cujo tamanho depende de mero acaso (pebble culture do<br />

homem de Olduvai), os homens pré -históricos africanos passaram para uma<br />

etapa mais consciente do trabalho criador. A presença de utensílios líticos em<br />

diferentes estágios de elaboração nas grandes oficinas, como as <strong>da</strong>s cercanias<br />

de Kinshasa, permite concluir que a representação do objeto terminado era<br />

apreendi<strong>da</strong> desde a etapa inicial e se materializava lasca a lasca. Como em outros<br />

lugares, o progresso nessa área passou do lascamento obtido através <strong>da</strong> bati<strong>da</strong> de<br />

um seixo contra outro ao lascamento com o auxílio de um percutor menos duro<br />

e cilíndrico (martelo de madeira, de osso, etc.), depois à percussão indireta (por<br />

intermédio de um cinzel) e finalmente à pressão para os retoques de acabamento,<br />

especialmente nos micrólitos.<br />

Um progresso constante caracteriza o domínio do homem pré -histórico<br />

sobre os utensílios. Desde os primeiros passos, reconhece -se na mu<strong>da</strong>nça de<br />

material, no acabamento dos instrumentos e <strong>da</strong>s armas, esta busca <strong>da</strong> eficácia<br />

sempre mais apura<strong>da</strong> e <strong>da</strong> a<strong>da</strong>ptação a fins ca<strong>da</strong> vez mais complexos que é o sinal<br />

<strong>da</strong> inteligência e que liberta os homens dos estereótipos do instinto. Foi assim<br />

que se passou do biface factotum às indústrias de lascas (Egito, Líbia, Saara),<br />

depois às fácies mais especializa<strong>da</strong>s do Ateriense 3 , do Fauresmithiense 4 , do<br />

Sangoense 5 , do Stillbayense 6 , e finalmente às formas mais refina<strong>da</strong>s do Neolítico<br />

(Capsiense, Wiltoniense, Magosiense, Elmenteitiense).<br />

Na <strong>África</strong>, mais do que em qualquer outro lugar, é impossível traçar um<br />

limiar cronológico nítido que permita demarcar em números precisos a passagem<br />

de um estágio a outro. As diferentes fases <strong>da</strong> <strong>Pré</strong> -<strong>História</strong> aparentemente se<br />

sobrepuseram, se interpenetraram e coexistiram durante longos períodos. Na<br />

mesma cama<strong>da</strong> estratigráfica, podemos encontrar relíquias <strong>da</strong> I<strong>da</strong>de <strong>da</strong> Pedra<br />

primitiva, utensílios muito mais evoluídos (pedras poli<strong>da</strong>s) e até objetos de<br />

3 De Bir el -Ater, na Argélia.<br />

4 De Fauresmith, na <strong>África</strong> do Sul.<br />

5 De Sango Bay, na margem oeste do lago Vitória.<br />

6 De Stillbay, na província do Cabo.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!