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Metodologia e Pré-História da África - unesdoc - Unesco

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A evolução <strong>da</strong> historiografia <strong>da</strong> <strong>África</strong><br />

literárias relativas às antigas socie<strong>da</strong>des <strong>da</strong> Grécia, de Roma ou do Egito, cujos<br />

principais monumentos haviam sido fontes de especulações durante séculos.<br />

A Arqueologia era – e às vezes ain<strong>da</strong> é – estreitamente liga<strong>da</strong> ao ramo <strong>da</strong><br />

<strong>História</strong> conhecido pelo nome de <strong>História</strong> Antiga. Em geral, ela se preocupava<br />

mais em procurar e decifrar antigas inscrições do que em encontrar outras<br />

relíquias. Só muito raramente – por exemplo em Axum e Zimbabwe e em<br />

torno desses sítios – admitia -se que a <strong>África</strong> subsaariana possuía monumentos<br />

suficientemente importantes para atrair a atenção dessa escola de arqueologia.<br />

Em segundo lugar, uma outra ativi<strong>da</strong>de essencial <strong>da</strong> pesquisa arqueológica se<br />

concentrava nas origens do homem, tendo como consequência uma perspectiva<br />

mais geológica do que histórica de seu passado. É ver<strong>da</strong>de que, em função de<br />

especialistas como L. S. B. Leakey e Raymond Dart, uma parte substancial<br />

dessa pesquisa acabou finalmente por se concentrar na <strong>África</strong> oriental e do sul.<br />

Mas esses homens buscavam um passado longínquo demais, no qual não se<br />

podia afirmar que existissem socie<strong>da</strong>des; além disso, habitualmente havia um<br />

abismo entre as conjeturas sobre os fósseis que esses pesquisadores descobriam<br />

e as populações modernas cujo passado os historiadores desejavam estu<strong>da</strong>r.<br />

Enquanto a maioria dos arqueólogos e dos historiadores considerava<br />

a <strong>África</strong> subsaariana, até os anos 50, aproxima<strong>da</strong>mente, não digna de sua<br />

atenção, a imensa varie<strong>da</strong>de de tipos físicos, de socie<strong>da</strong>des e de línguas desse<br />

continente despertava o interesse dos antropólogos e linguistas à medi<strong>da</strong><br />

que suas disciplinas começavam a desenvolver -se. Foi possível a uns e outros<br />

permanecerem durante muito tempo encerrados em seus gabinetes de trabalho.<br />

Mas homens como Burton e S. W. Koelle (Polyglotte Africana, 1854) em boa<br />

hora demonstraram o valor <strong>da</strong> pesquisa de campo, e os antropólogos, em<br />

particular, tornaram -se os pioneiros desse trabalho na <strong>África</strong>. Mas, ao contrário<br />

dos historiadores e dos arqueólogos, nem os antropólogos nem os linguistas<br />

sentiam -se obrigados a descobrir o que ocorrera no passado. Na <strong>África</strong>, eles<br />

encontraram uma abundância de fatos simplesmente à espera de descrição,<br />

classificação e análise, o que representava uma imensa tarefa. Frequentemente<br />

eles só se interessavam pelo passado na medi<strong>da</strong> em que tentavam reconstruir<br />

uma história que parecia -lhes estar na origem dos <strong>da</strong>dos recolhidos e seria<br />

capaz de explicá -los.<br />

No entanto, nem sempre eles percebiam o quanto essas reconstruções eram<br />

especulativas e hipotéticas. Um exemplo clássico é o do antropólogo C. G.<br />

Seligman que, na obra Races of Africa, publica<strong>da</strong> em 1930, escrevia sem rodeios:<br />

“As civilizações <strong>da</strong> <strong>África</strong> são as civilizações dos camitas, e sua história, os anais<br />

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