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Metodologia e Pré-História da África - unesdoc - Unesco

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340 <strong>Metodologia</strong> e pré -história <strong>da</strong> <strong>África</strong><br />

É conveniente, pois, antes de mais na<strong>da</strong>, procurar esclarecer a confusão do<br />

mapa linguístico <strong>da</strong> <strong>África</strong>, reduzindo -o a seus componentes mais simples, a<br />

saber: de um lado, grupos linguísticos que mantenham entre si uma relação<br />

estreita e harmônica e que possuam uma uni<strong>da</strong>de tanto externa quanto interna 6<br />

(uni<strong>da</strong>des complexas); de outro, línguas distintas que não participem de nenhum<br />

desses grupos (uni<strong>da</strong>des simples). Tal procedimento revela uma importante<br />

característica do mapa linguístico que permanecia encoberta pelas classificações<br />

anteriores: de um total de cerca de 120 uni<strong>da</strong>des complexas e simples de<br />

to<strong>da</strong> a <strong>África</strong>, mais de 100 confinam -se a uma única zona, que se estende do<br />

litoral senegalês, a oeste, até os planaltos <strong>da</strong> Etiópia e <strong>da</strong> <strong>África</strong> oriental, a<br />

leste 7 . Considerando -se to<strong>da</strong>s as diferentes línguas do continente africano 8 ,<br />

aproxima<strong>da</strong>mente dois terços são fala<strong>da</strong>s nesta zona, com cerca de 5600 km<br />

de extensão e apenas 1100 km, em média, de largura. Essa zona estende -se ao<br />

longo do Saara, podendo ser denomina<strong>da</strong>, por comodi<strong>da</strong>de, zona de fragmentação<br />

subsaariana devido à sua situação geográfica e complexi<strong>da</strong>de linguística. Seus<br />

limites podem ser determinados pela geografia física e linguística: grosso modo,<br />

limita -se ao norte com o Saara, a leste com os contrafortes montanhosos,<br />

ao sul com a orla <strong>da</strong> floresta e a oeste com o litoral atlântico. Do ponto de<br />

vista <strong>da</strong> geografia física, as áreas de fragmentação máxima situam -se ao longo<br />

<strong>da</strong>s margens norte -oriental, central e ocidental <strong>da</strong> zona de fragmentação, na<br />

extremi<strong>da</strong>de meridional do chifre <strong>da</strong> <strong>África</strong> e num bloco que cobre uma grande<br />

parte <strong>da</strong> <strong>África</strong> ocidental. Do ponto de vista <strong>da</strong>s relações estruturais e lexicais<br />

de conjunto, a área mais fragmenta<strong>da</strong> situa -se provavelmente no interior e ao<br />

redor <strong>da</strong> extremi<strong>da</strong>de do chifre <strong>da</strong> <strong>África</strong>, onde as línguas que representam<br />

6 Se se estabelece uma relação entre as línguas “A”, “B” e “e”, pode -se considerar que possuem uma “uni<strong>da</strong>de<br />

interna”. Esse agrupamento, no entanto, não tem sentido, se as línguas em questão não possuírem<br />

também uma “uni<strong>da</strong>de externa”, isto é, se a relação entre “A” e “B” entre “A” e “e” ou entre “e” e “B” é em<br />

ca<strong>da</strong> um desses casos mais íntima que entre’ uma dessas três línguas e qualquer outra que não faça parte<br />

desse grupo.<br />

7 Entre as restantes, não menos que nove uni<strong>da</strong>des compreendem as línguas fala<strong>da</strong>s nos limites <strong>da</strong> zona<br />

de fragmentação (excluindo -se apenas uni<strong>da</strong>des “não -bantu” do sul <strong>da</strong> Africa e de Ma<strong>da</strong>gáscar).<br />

8 No caso de muitos grupos de formas de linguagem mais ou menos estreitamente aparentados, só se<br />

podem estabelecer distinções arbitrárias entre as “línguas” e os “dialetos” <strong>da</strong>s “línguas”. Se se considera<br />

os grupos de formas de linguagem mais ou menos inteligíveis como “línguas” distintas, o total na <strong>África</strong><br />

será <strong>da</strong> ordem de 1250. Se se considera ca<strong>da</strong> uma <strong>da</strong>s formas de linguagem como uma língua em si, onde<br />

aparece como tal para seus falantes e onde possui nome distinto, o total, então, aproxima -se de 2050. Se<br />

este último método fosse aplicado à Europa, deveria -se considerar o sueco, o norueguês e o dinamarquês<br />

como línguas distintas, mas, segundo o outro método, seriam considera<strong>da</strong>s como uma única língua. A<br />

fim de se obter uma “ordem de grandeza” para o número de línguas fala<strong>da</strong>s na <strong>África</strong>, propõe -se que seja<br />

tira<strong>da</strong> a média destas duas avaliações, isto é, aproxima<strong>da</strong>mente 1650 línguas, <strong>da</strong>s quais 1100 (calcula<strong>da</strong>s<br />

pelo mesmo processo) são fala<strong>da</strong>s no interior <strong>da</strong> zona de fragmentação.

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