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Metodologia e Pré-História da África - unesdoc - Unesco

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574 <strong>Metodologia</strong> e pré -história <strong>da</strong> <strong>África</strong><br />

particularmente em relação aos vários componentes <strong>da</strong>s indústrias regionais<br />

contemporâneas do período conhecido por muito tempo como Middle<br />

Stone Age. Para classificar um complexo como pertencente à Middle Stone<br />

Age tomavam -se por base principalmente certas características técnicas e<br />

tipológicas, bem como o fato de que, do ponto de vista <strong>da</strong> estratigrafia, ele se<br />

situava entre a Early Stone Age e a Late Stone Age. Esses termos evolucionistas,<br />

cronoestratigráficos, têm pouco significado atualmente, pois sua definição<br />

permanece tão insatisfatória quanto na primeira vez em que foram usados.<br />

Além disso, a <strong>da</strong>tação pelo radiocarbono tem demonstrado que os estágios<br />

tecnológicos sobre os quais se fun<strong>da</strong>mentam esses conceitos são antes conjecturais<br />

que reais e que as técnicas e os tipos de utensílios que eram seu produto final<br />

transcendem limites horizontais tão artificiais como esses. Como seu trabalho<br />

está intimamente ligado aos artefatos de pedra, o pré -historiador tende às vezes<br />

a negligenciar o fato de que eles representam apenas uma fração de uma vasta<br />

gama de materiais e utensílios que não foram preservados. Se esses materiais e<br />

instrumentos que se perderam estivessem disponíveis para estudos, certamente<br />

modificariam drasticamente nossas concepções sobre a tecnologia pré -histórica.<br />

Além disso, onde há necessi<strong>da</strong>de, a tecnologia mu<strong>da</strong> como resultado de novas<br />

pressões e <strong>da</strong> capaci<strong>da</strong>de de seleção e a<strong>da</strong>ptação do grupo. Esses dois fatos<br />

devem ser levados em conta ao estu<strong>da</strong>r as indústrias líticas que testemunham o<br />

comportamento cultural durante o Pleistoceno Recente e o Holoceno.<br />

Num certo momento entre -100.000 e -80.000, o nível do mar começou a<br />

baixar em relação ao alto nível de +5 a 12 m, bem representado pelos restos de<br />

praias eleva<strong>da</strong>s em um certo número de locali<strong>da</strong>des do litoral sul do continente 10 ;<br />

é logo após essa época, que o homem começou a ocupar locais favoráveis nessas<br />

praias libera<strong>da</strong>s pelo mar. Alguns desses locais eram cavernas e, apesar <strong>da</strong>s<br />

particulari<strong>da</strong>des locais, a tecnologia desse período é geralmente semelhante na<br />

bacia do Mediterrâneo e no sul <strong>da</strong> <strong>África</strong>.<br />

O início do último período glaciário no hemisfério norte corresponde nos<br />

trópicos a uma diminuição <strong>da</strong> temperatura (aproxima<strong>da</strong>mente de 6 a 8 o C) e<br />

a um clima mais seco, embora um decréscimo nas taxas de evaporação tenha<br />

assegurado um suprimento regular de água de superfície e talvez até maior do<br />

que atualmente. Na mesma época, o clima semi -árido que então existia na bacia<br />

do Zaire, na região equatorial, reduziu consideravelmente a floresta perene ou<br />

substituiu -a por campos ou matas mais abertas, oferecendo, desse modo, um<br />

10 Acredita -se que esse último nível elevado do mar correspon<strong>da</strong> à transgressão marinha do último interglaciário<br />

(Eemiano) na bacia do Mediterrâneo, onde o nível do mar é geralmente semelhante – entre 6 e 8 m.

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