29.03.2013 Views

Metodologia e Pré-História da África - unesdoc - Unesco

Metodologia e Pré-História da África - unesdoc - Unesco

Metodologia e Pré-História da África - unesdoc - Unesco

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

<strong>Pré</strong> -<strong>História</strong> <strong>da</strong> <strong>África</strong> ocidental<br />

população de pastores, que podem ou não ter sido agricultores 73 . Não restam<br />

dúvi<strong>da</strong>s acerca <strong>da</strong> presença de agricultores em Cirenaica em -4800 74 ; atualmente,<br />

porém, ficou demonstrado que o Neolítico de tradição capsiense, largamente<br />

espalhado pelo noroeste <strong>da</strong> <strong>África</strong> e que sucedeu às culturas epipaleolíticas,<br />

não apresentava práticas agrícolas, embora ele tenha se estendido para além do<br />

segundo milênio antes <strong>da</strong> Era Cristã 75 . Houve um tempo em que as descobertas<br />

feitas em Rufisque, no Senegal, foram classifica<strong>da</strong>s como pertencentes ao<br />

Neolítico de tradição capsiense 76 , mas é preferível considerá -las como fazendo<br />

parte do continuum microlítico espalhado pela <strong>África</strong> ocidental 77 . Além dessas<br />

escavações perto de Dacar, esse continuum microlítico ou Microlítico <strong>da</strong> Guiné<br />

está amplamente distribuído na metade leste <strong>da</strong> <strong>África</strong> ocidental; na metade<br />

oeste, porém, ele parece estar ausente nos sítios mais meridionais, na região <strong>da</strong><br />

Libéria, <strong>da</strong> Serra Leoa e do sul <strong>da</strong> República <strong>da</strong> Guiné. Foi na Guiné, num certo<br />

número de cavernas e abrigos sob rochas que foram feitas as primeiras escavações<br />

arqueológicas <strong>da</strong> <strong>África</strong> ocidental. Algumas dessas escavações aconteceram<br />

há mais de setenta anos atrás 78 . Em alguns sítios existem peças bifaciais que<br />

lembram formas anteriores à Late Stone Age; entre essas peças, algumas parecem<br />

pequenas enxa<strong>da</strong>s, o que não deixa de ser um testemunho indireto de que se<br />

praticou a agricultura. Essa possibili<strong>da</strong>de certamente não deve ser descarta<strong>da</strong>,<br />

pois nessa época o arroz substitui o inhame como principal colheita na metade<br />

oeste <strong>da</strong> <strong>África</strong> ocidental; esse arroz africano, o Oryza glaberrima, provavelmente<br />

foi domesticado na zona do delta do médio Níger 79 . Existem também em Gana<br />

grandes fragmentos de quartzo com os contornos mal delineados 80 , que também<br />

parecem enxa<strong>da</strong>s e que têm sido considerados como uma prova <strong>da</strong> existência<br />

de práticas agrícolas no local; mas não há <strong>da</strong>tas nem maneiras váli<strong>da</strong>s de se<br />

comprovar isso. A maior parte dos sítios <strong>da</strong> República <strong>da</strong> Guiné revelaram<br />

micrólitos, machados de pedra poli<strong>da</strong>, mós e cerâmica, o mesmo acontecendo<br />

na Guiné -Bissau 81 . Alguns sítios guineenses continham cerâmica, se bem que<br />

73 HUGOT, H. J. 1963, p. 148 -51; MORI, F. 1965; CAMPS, G. 1969.<br />

74 MCBURNEY, C. B. M. 1967, p. 298.<br />

75 ROUBET, C. 1971.<br />

76 VAUFREY, R. 1946; ALIMEN, H. 1857, p. 229 -33; DAVIES, O. 1964, p. 236.<br />

77 HUGOT, H. J. 1957, 1964, p. 4 -6; SHAW, T. 1971a, p. 62.<br />

78 HAMY, E. T. 1900; GUEBHARD, P. 1907, 1909; DESPLAGNES, L. B.S.G.C., 1907; HUE, 1912;<br />

HUBERT, R. 1922; BREUIL, H. 1931; DELCROIX, R. e VAUFREY, R. 1939; SHAW, T. 1944.<br />

79 PORTERES, R. 1962, p. 197 -99.<br />

80 DAVIES, O. 1964, p. 203 -30.<br />

81 MATEUS, A. 1952.<br />

701

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!