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Metodologia e Pré-História da África - unesdoc - Unesco

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280 <strong>Metodologia</strong> e pré -história <strong>da</strong> <strong>África</strong><br />

aparecimento de tais escritas na <strong>África</strong> resulta de uma evolução tardia. Os<br />

hieróglifos do antigo Egito, como os do Daomé, representam muitos sons<br />

através de signos. Mas os sistemas puramente fonéticos baseados na palavra, na<br />

sílaba ou no fonema simples – transcrição alfabética – marcam uma nova etapa 49 .<br />

A escrita berbere, usa<strong>da</strong> entre os Tuaregue do Saara e conheci<strong>da</strong> também<br />

pelo nome de tifinar, poderia ter -se desenvolvido sob influência púnica, pelo<br />

contato com Cartago.<br />

O sistema de escrita núbio formou -se no século X, através do contato com<br />

a grafia copta que, por sua vez, nasceu sob a influência grega. A grafia etíope<br />

de Tigrina e de Amhara é deriva<strong>da</strong> <strong>da</strong> escrita sabeana <strong>da</strong> Arábia meridional.<br />

As escritas silábicas e alfabéticas <strong>da</strong> <strong>África</strong> ocidental, muito difundi<strong>da</strong>s desde<br />

o fim do século XVIlI nas costas <strong>da</strong> Guiné e nas regiões su<strong>da</strong>nesas, podem<br />

ter nascido de uma evolução interna ou ter tomado sua forma definitiva sob<br />

a influência mais ou menos distante de uma contribuição externa, de origem<br />

árabe ou europeia 50 .<br />

A escrita vai, divulga<strong>da</strong> na Europa em 1834 graças aos trabalhos do<br />

americano Eric Bates, e aos de Koelle em 1849, desenvolveu -se numa área onde<br />

foram descobertos traçados do sistema hieroglífico. Momolu Masakwa, cônsul<br />

<strong>da</strong> Libéria na Inglaterra no século XIX, descreveu os princípios do sistema<br />

hieroglífico usado naquela época em sua região 51 .<br />

De acordo com os informes de Momolu, para expressar a vitória sobre o<br />

inimigo os Vai desenham, numa casca de árvore que lhes serve de papiro, a silhueta<br />

de um homem correndo com as mãos na cabeça. Ao lado <strong>da</strong> imagem do fugitivo<br />

junta -se um ponto, para indicar que se trata de um grande número de fugitivos,<br />

de um exército derrotado. Nessa utilização do ponto para denotar o plural, em<br />

lugar dos traços empregados no antigo vale do Nilo, encontramos elementos<br />

<strong>da</strong> escrita faraônica. Assim, os Vai conseguiram alterar seu antigo sistema no<br />

sentido de uma transcrição fonética. Hoje existem modelos análogos à escrita vai<br />

entre muitos povos <strong>da</strong> Africa ocidental: Malinke, Mande, Basa, Guerze, Kpele,<br />

Toma, etc. Os Wolof e os Seereer também adotaram, recentemente, uma grafia<br />

inspira<strong>da</strong> nesses princípios.<br />

49 HAU, E. 1959.<br />

50 As grafias su<strong>da</strong>nesas associam pictogramas (imagens realistas) a ideogramas (signos e significações<br />

simbólicas). Cf. GRIAULE, M. e DIETERLEN, G. A combinação desses signos permite a transcrição<br />

e a fixação de um discurso decifrável pelo iniciado na escrita e no saber que ela contém.<br />

51 Cf. o excelente artigo de síntese de D. OLDEROGGE, “Ecritures méconnues de l’Afrique noire”. In:<br />

Courrier de l’<strong>Unesco</strong>, março de 1966.

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