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Metodologia e Pré-História da África - unesdoc - Unesco

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548 <strong>Metodologia</strong> e pré -história <strong>da</strong> <strong>África</strong><br />

fibra na extremi<strong>da</strong>de de lanças de madeira, sendo usados para apanhar peixes<br />

e outros animais aquáticos, tanto em embarcações quanto à beira d’água. A<br />

cerâmica, de grandes proporções, era frequentem ente decora<strong>da</strong> com espinhas<br />

de peixe ou conchas, em motivos conhecidos como wavy line e dotted wavy<br />

line. Embora tenha sofrido variações, a tradição wavy line e dotted wavy line<br />

é característica o suficiente para ser distingui<strong>da</strong> de outros tipos mais recentes<br />

de cerâmica dessas regiões. Alguns dos padrões decorativos, assim como a<br />

forma mais aberta dos recipientes, podem ter sido inspirados pelos cestos, que<br />

provavelmente eram usados para carregar os peixes após a pesca.<br />

Nos sítios às margens dos lagos <strong>da</strong> <strong>África</strong> oriental, ao longo do Nilo<br />

Médio e no Saara, o desenvolvimento <strong>da</strong> “civilização aquática” foi <strong>da</strong>tado entre<br />

-8000 e -5000. Seu apogeu e maior expansão ocorreram no sétimo milênio.<br />

Os primeiros arpões foram, sem dúvi<strong>da</strong>, esculpidos um pouco mais cedo, ao<br />

passo que a descoberta <strong>da</strong> cerâmica não deve remontar além de -6000. Os<br />

recipientes de cerâmica são os mais antigos <strong>da</strong> <strong>África</strong> e encontram -se entre os<br />

primeiros fabricados no mundo. É quase certo que essa invenção tenha ocorrido<br />

espontaneamente em alguma parte <strong>da</strong> faixa central do continente africano.<br />

Não existe nenhum indício de que as populações ribeirinhas praticassem a<br />

agricultura entre 7 mil e 10 mil anos atrás, na <strong>África</strong> oriental ou em qualquer<br />

outro ponto do extenso território que ocupavam. No entanto, a própria<br />

magnitude <strong>da</strong> expansão dessas populações e a rapidez com que ocorreu, alia<strong>da</strong>s<br />

à complexi<strong>da</strong>de tecnológica desse novo modo de vi<strong>da</strong>, demonstram seu prestígio<br />

e domínio cultural durante todo aquele período úmido. Considerar essa cultura<br />

como simples variante <strong>da</strong>s culturas basea<strong>da</strong>s na caça e coleta <strong>da</strong> Late Stone<br />

Age seria negar suas características distintivas e suas realizações. É possível que<br />

essas populações não vivessem em comuni<strong>da</strong>des ver<strong>da</strong>deiramente permanentes,<br />

mas, com fontes de alimento assegura<strong>da</strong>s pelos grandes lagos e rios e com<br />

uma tecnologia que lhes permitia explorar eficazmente esses recursos, foram<br />

capazes de manter instalações comunitárias maiores e mais estáveis do que<br />

as de quaisquer outras populações anteriores. Esses fatores propiciaram não<br />

só o crescimento demográfico, como também a criação de um novo ambiente<br />

social e intelectual, caracterizado por um artesanato complexo, indispensável à<br />

fabricação de embarcações, arpões, cestos e cerâmica, e pelo modo de vi<strong>da</strong> mais<br />

evoluído que o uso desses objetos impunha.<br />

O papel <strong>da</strong> cerâmica é particularmente importante, mais do que em geral<br />

supõem historiadores e até mesmo arqueólogos. Devido à sua fragili<strong>da</strong>de, a<br />

cerâmica tem uma utili<strong>da</strong>de limita<strong>da</strong> para socie<strong>da</strong>des nômades, sem bases fixas,<br />

ou seja, para a maior parte <strong>da</strong>s socie<strong>da</strong>des de caçadores -coletores. Mas, para

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