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Metodologia e Pré-História da África - unesdoc - Unesco

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254 <strong>Metodologia</strong> e pré -história <strong>da</strong> <strong>África</strong><br />

No entanto, uma ciência classificatória que empregasse to<strong>da</strong>s essas técnicas<br />

forneceria a chave <strong>da</strong> relação étnica e linguística.<br />

Classificações linguísticas e parentescos etnoculturais<br />

Apesar de alguns trabalhos notáveis, o problema do parentesco linguístico e<br />

étnico está longe de ser resolvido na <strong>África</strong>. Em muitas áreas, a intuição de que<br />

existe essa relação ain<strong>da</strong> sobrepuja a prova estabeleci<strong>da</strong> cientificamente.<br />

A ideia e a noção de uma comuni<strong>da</strong>de bantu reunindo a grande maioria dos<br />

povos <strong>da</strong> <strong>África</strong> central e meridional nasceram no século XIX com os trabalhos<br />

de W. Bleek. Numa obra célebre publica<strong>da</strong> em 1862, ele estabeleceu o parentesco<br />

<strong>da</strong>s línguas e <strong>da</strong>s variantes dialetais fala<strong>da</strong>s numa área muito vasta, habita<strong>da</strong><br />

por numerosos grupos étnicos, usando falares com maior ou menor grau de<br />

intercompreensão. Evidentemente, o parentesco de língua e de cultura é muito<br />

mais perceptível à primeira vista para as etnias que vivem lado a lado. É o que<br />

ocorre com os Bantu.<br />

Em alguns casos, a distância no espaço e no tempo cria problemas. Os Fulbe<br />

são um bom exemplo. Da bacia do Senegal à bacia do Nilo, eles constituem<br />

comuni<strong>da</strong>des frequentemente isola<strong>da</strong>s, em meio a áreas habita<strong>da</strong>s por etnias às<br />

vezes muito diferentes.<br />

Os Duala do Camarões falam uma língua bantu; na prática, o duala pode<br />

ser considerado uma variante desse grupo, <strong>da</strong> mesma natureza que o lingala, tal<br />

como os falares de Mban<strong>da</strong>ka ou Kinshasa, apesar <strong>da</strong> distância e do isolamento<br />

relativo que existem entre os Duala e as comuni<strong>da</strong>des que falam estes dois<br />

últimos idiomas.<br />

O egípcio faraônico, que era falado há 5000 anos, apresenta seme lhanças<br />

espantosas com o haussa, o wolof ou o songhai. 3<br />

Ocorrem ain<strong>da</strong> fenômenos de imbricação. Grandes línguas de unificação<br />

continuam, por motivos diversos (políticos, econômicos, culturais, etc.), a servir<br />

de suporte à integração de etnias diferentes. Elas apagam, por meio <strong>da</strong> pressão<br />

social e do peso histórico, os falares e as culturas, dos quais restam frequentem<br />

ente apenas alguns vestígios.<br />

O lingala, o haussa, o kiswahili, o ioruba, o twi, o ibo, o bambarajula, o<br />

fulfulde, o árabe ou o wolof são falados por milhões, talvez até por dezenas<br />

3 A esse respeito, podemos citar os trabalhos <strong>da</strong> Srta. HOMBURGER, os capítulos deste livro escritos<br />

pelos professores GREENBERG e OBENGA e o relatório do Simpósio do Cairo (volume II).

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