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Metodologia e Pré-História da África - unesdoc - Unesco

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XXXVI <strong>Metodologia</strong> e pré -história <strong>da</strong> <strong>África</strong><br />

<strong>África</strong>. É indispensável retornar a essas condições fun<strong>da</strong>mentais do processo<br />

evolutivo, para que seja possível colocar os problemas em termos objetivos e<br />

não sob a forma de mitos aberrantes como a inferiori<strong>da</strong>de racial, o tribalismo<br />

congênito e a pretensa passivi<strong>da</strong>de histórica dos africanos. To<strong>da</strong>s essas abor<strong>da</strong>gens<br />

subjetivas e irracionais apenas mascaram uma ignorância voluntária.<br />

A. As fontes difíceis<br />

No que concerne ao continente africano, é preciso reconhecer que o manuseio<br />

<strong>da</strong>s fontes é particularmente difícil. Três fontes principais constituem os pilares do<br />

conhecimento histórico: os documentos escritos, a arqueologia e a tradição oral.<br />

Essas três fontes são apoia<strong>da</strong>s pela linguística e pela antropologia, que permitem<br />

matizar e aprofun<strong>da</strong>r a interpretação dos <strong>da</strong>dos, por vezes excessivamente brutos<br />

e estéreis sem essa abor<strong>da</strong>gem mais íntima. Estaríamos errados, entretanto,<br />

em estabelecer a priori uma hierarquia peremptória e definitiva entre essas<br />

diferentes fontes.<br />

1. As fontes escritas<br />

Quando não são raras, tais fontes se encontram mal distribuí<strong>da</strong>s no tempo e<br />

no espaço. Os séculos mais “obscuros” <strong>da</strong> história africana são justamente aqueles<br />

que não se beneficiam do saber claro e preciso que emana dos testemunhos escritos,<br />

por exemplo, os séculos imediatamente anteriores e posteriores ao nascimento<br />

de Cristo (a <strong>África</strong> do Norte é uma exceção). No entanto, mesmo quando esse<br />

testemunho existe, sua interpretação implica frequentemente ambigui<strong>da</strong>des e<br />

dificul<strong>da</strong>des. Nesse sentido, a partir de uma releitura <strong>da</strong>s “viagens” de Ibn Battuta<br />

e de um novo exame <strong>da</strong>s diversas grafias dos topônimos empregados por este<br />

autor e por al’Umari, certos historiadores são levados a contestar que Niani,<br />

situa<strong>da</strong> às margens do rio Sankarani, tivesse sido a capital do antigo Mali 6 .<br />

Do ponto de vista quantitativo, massas consideráveis de materiais escritos de<br />

caráter arquivístico ou narrativo permanecem ain<strong>da</strong> inexplora<strong>da</strong>s, como provam<br />

os recentes inventários parciais dos manuscritos inéditos relativos à história <strong>da</strong><br />

<strong>África</strong> negra exumados de bibliotecas do Marrocos 7 , <strong>da</strong> Argélia e <strong>da</strong> Europa.<br />

6 Cf. HUNWICK, J. O. 1973, p. 195 -208. O autor corre o risco do argumento a silentio: “Se Ibn Battuta<br />

tivesse atravessado o Níger ou o Senegal, teria feito referência a isso”.<br />

7 Cf. UNESCO, Coletânea seletiva de textos em árabe proveniente dos arquivos marroquinos, pelo professor<br />

Mohammed Ibraim EL KEITANI, SCH/VS/894.

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