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Metodologia e Pré-História da África - unesdoc - Unesco

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78 <strong>Metodologia</strong> e pré -história <strong>da</strong> <strong>África</strong><br />

Problemas gerais<br />

Não existe até o momento, nenhum estudo do conjunto <strong>da</strong>s fontes escritas <strong>da</strong><br />

história <strong>da</strong> <strong>África</strong>. Por razões de especialização cronológica ou regional, os raros<br />

estudos realizados têm sido associados a campos específicos <strong>da</strong> pesquisa científica.<br />

Assim, o Egito faraônico é domínio do egiptólogo, o Egito ptolomaico e romano,<br />

do classicista, o Egito muçulmano do islamista: três períodos, três especiali<strong>da</strong>des,<br />

<strong>da</strong>s quais apenas uma se origina do que é especificamente egípcio; as outras duas<br />

navegam em órbitas mais vastas (o mundo clássico, o Islã). O mesmo acontece<br />

com o Magreb, ain<strong>da</strong> que o especialista em civilização púnica seja ao mesmo<br />

tempo um orientalista e um classicista, e que o estudioso <strong>da</strong> civilização berbere<br />

seja marginal e inclassificável. O domínio <strong>da</strong> <strong>África</strong> negra, também variado,<br />

abrange diferentes línguas e especiali<strong>da</strong>des: há fontes clássicas, árabes e fontes<br />

propriamente africanas. Mas, embora encontremos a mesma trilogia do norte<br />

do Saara, aqui ela não tem nem a mesma amplidão nem significação análoga.<br />

Existe uma imensa área onde, antes do século XV, inexiste fonte escrita; ocorre<br />

também que determina<strong>da</strong> fonte árabe, de segun<strong>da</strong> ordem para o Magreb, por<br />

exemplo, adquire importância capital para a bacia do Níger. O historiador <strong>da</strong><br />

<strong>África</strong> negra, ao examinar um documento escrito em árabe, não o faz <strong>da</strong> mesma<br />

maneira que o historiador do Magreb, ou que o historiador do Islã em geral.<br />

Tais limitações e interferências traduzem a estrutura objetiva <strong>da</strong> história <strong>da</strong><br />

<strong>África</strong>, e também a orientação <strong>da</strong> ciência histórica moderna desde o século XIX.<br />

É um fato que o Egito foi integrado ao mundo helenístico, ao Império Romano,<br />

a Bizâncio e que, convertido ao Islã, se tornou um foco radiante. Também é<br />

um fato que os Clássicos consideraram a história <strong>da</strong> <strong>África</strong> como ilustração<br />

<strong>da</strong> história de Roma e que uma determina<strong>da</strong> <strong>África</strong> estava profun<strong>da</strong>mente<br />

envolvi<strong>da</strong> no destino <strong>da</strong> civilização romana. Mas não se pode esquecer que<br />

mesmo o historiador moderno <strong>da</strong> <strong>África</strong> romana é romanista em primeiro lugar<br />

e africanista em segundo, e que o aspecto islâmico é excluído de seu campo<br />

epistemológico.<br />

Assim, apreender a história <strong>da</strong> <strong>África</strong> como um todo e considerar, nessa perspectiva,<br />

suas fontes escritas, continua a ser tarefa delica<strong>da</strong> e particularmente difícil.<br />

O problema <strong>da</strong> periodização<br />

Como se justificaria, no estudo <strong>da</strong>s fontes escritas, uma cesura localiza<strong>da</strong> no<br />

início do século XV? Seria porque a massa documentária de que dispomos, não<br />

obstante as dispari<strong>da</strong>des culturais e temporais, guar<strong>da</strong>sse uma certa uni<strong>da</strong>de

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