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Metodologia e Pré-História da África - unesdoc - Unesco

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710 <strong>Metodologia</strong> e pré -história <strong>da</strong> <strong>África</strong><br />

No seu conjunto, a <strong>África</strong> ocidental mal teve a I<strong>da</strong>de do Bronze. No entanto,<br />

vin<strong>da</strong> <strong>da</strong> Espanha e do Marrocos, uma de suas fácies se manifestou na Mauritânia,<br />

onde foram descobertos cerca de 130 objetos de cobre e onde foram explora<strong>da</strong>s<br />

as ricas minas de Akjujt, que uma <strong>da</strong>tação em radiocarbono situa no século V<br />

antes <strong>da</strong> Era Cristã; além disso, foram encontra<strong>da</strong>s pontas de flechas achata<strong>da</strong>s,<br />

feitas de cobre, no Mali e no sudeste <strong>da</strong> Argélia 118 .<br />

Por que a <strong>África</strong> ocidental não conheceu a I<strong>da</strong>de do Bronze? Por que ela<br />

não foi mais influencia<strong>da</strong> pela antiga civilização egípcia? As razões residem<br />

parcialmente no fato de que o terceiro milênio – durante o qual a metalurgia,<br />

a escrita, a construção dos monumentos de pedra, a utilização <strong>da</strong> ro<strong>da</strong> e a<br />

centralização do governo se estabeleceram soli<strong>da</strong>mente no Egito foi também a<br />

época do dessecamento final do Saara. Desse modo, as populações abandonaram<br />

o deserto e ele não mais serviu de elo indireto entre o Egito e a <strong>África</strong> ocidental.<br />

Esse elo só foi restabelecido cerca de 3000 anos mais tarde, graças ao camelo. As<br />

outras razões estão liga<strong>da</strong>s ao estabelecimento, mais tardio e mais lento, de uma<br />

economia agrícola na <strong>África</strong> ocidental, como foi descrito acima. Preocupados<br />

em conferir certa digni<strong>da</strong>de e brilho à história <strong>da</strong> <strong>África</strong> ocidental, alguns<br />

autores tentaram estabelecer uma ligação entre esta e o antigo Egito, para que<br />

ela partilhasse <strong>da</strong> mesma glória 119 ; isso parece -nos totalmente desnecessário 120 .<br />

O início <strong>da</strong> I<strong>da</strong>de do Ferro (de aproxima<strong>da</strong>mente ‑400 a 700)<br />

Durante todo o início <strong>da</strong> I<strong>da</strong>de do Ferro, muitas regiões <strong>da</strong> <strong>África</strong> ocidental<br />

permaneceram isola<strong>da</strong>s do exterior, e, na maioria dos casos, os contatos que<br />

porventura existiram com o mundo antigo conhecido foram indiretos, esporádicos<br />

e sem importância 121 . Muito se tem falado acerca <strong>da</strong> pretensa viagem de Hanão,<br />

mas sua narrativa provavelmente é uma invenção 122 . O relato de Heródoto sobre<br />

o “comércio mudo” dos cartagineses com o ouro <strong>da</strong> <strong>África</strong> ocidental é quase com<br />

certeza baseado em fatos 123 . Seguramente devem ter existido alguns motivos<br />

de contato com o mundo exterior, pois foi no começo desse período que o<br />

conhecimento do ferro chegou à <strong>África</strong>. Não se trata apenas <strong>da</strong> importação de<br />

118 MAUNY, R. 1951; MAUNY, R. e HALLEMANS, J. 1957; LAMBERT, N. 1970, 1971.<br />

119 LUCAS, J. O. 1948; DIOP, C. A. 1960, 1962.<br />

120 SHAW, T. 1964a, p. 24.<br />

121 LAW, R. C. C. 1967; FERGUSSON, J. 1969; MAUNY, R. 1970b, p. 78 -137.<br />

122 PICARD, G. C. 1971; MAUNY, R. 1970a; 1971, p. 75 -7.<br />

123 HERÓDOTO. 1964, Livro IV, p. 363.

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