29.03.2013 Views

Metodologia e Pré-História da África - unesdoc - Unesco

Metodologia e Pré-História da África - unesdoc - Unesco

Metodologia e Pré-História da África - unesdoc - Unesco

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Classificação <strong>da</strong>s línguas <strong>da</strong> <strong>África</strong><br />

vários pesquisadores portugueses observaram a semelhança entre as línguas de<br />

Moçambique, na costa oriental <strong>da</strong> <strong>África</strong>, e as de Angola e do Congo, a oeste,<br />

prenunciando assim o conceito de uma família de línguas bantu a abranger a maior<br />

parte do terço meridional do continente. O outro exemplo são as descrições do<br />

gueze e do amárico feitas por Hiob Ludolf no século XVII, que mostram terem<br />

essas línguas etíopes algum parentesco com o hebraico, o aramaico e o árabe.<br />

O século XVIII pouco contribuiu para o conhecimento <strong>da</strong>s línguas africanas.<br />

Perto do fim desse período, contudo, constatamos que o conceito básico de<br />

classificação genética começa a tornar -se mais claro sob a forma de hipóteses<br />

específicas a respeito <strong>da</strong> existência de certas famílias de línguas, hipóteses estas<br />

que constituíram, no século XIX, a base do desenvolvimento <strong>da</strong> linguística<br />

enquanto ciência histórico -comparativa.<br />

As obras sobre história <strong>da</strong> linguística comumente citam a afirmação de<br />

William Jones (1786) acerca do parentesco <strong>da</strong>s línguas indo -europeias como o<br />

fator decisivo para esse desenvolvimento. Tais ideias já pairavam no ar: cinco anos<br />

antes, Marsden enunciara, pelo menos com igual clareza, hipótese semelhante<br />

a propósito <strong>da</strong>s línguas malaio -polinésias, assim como fizera Gyarmathy em<br />

relação às línguas fino -úgricas.<br />

Tal evolução se fez acompanhar de uma ver<strong>da</strong>deira mania de coletar<br />

materiais comparativos sobre um grande número de línguas. A primeira obra<br />

dessa natureza foi o Glossarium Comparativum Linguarum Totius Orbis, de 1787,<br />

patrocinado por Catarina, a Grande, imperatriz <strong>da</strong> Rússia; a edição revisa<strong>da</strong> de<br />

1790 -1791 incluía <strong>da</strong>dos de trinta línguas africanas.<br />

No início do século XIX, assistimos a uma acentua<strong>da</strong> aceleração na produção<br />

de gramáticas e dicionários de línguas africanas, assim como na publicação de<br />

listas comparativas de palavras de um considerável número dessas línguas, como<br />

as de Kilham (1828), Norris (1841) e Clarke (1848) 3 .<br />

A mais importante dessas listas, tanto pela extensão quanto pelo caráter<br />

sistemático de sua organização e de sua simbolização fonética, é sem dúvi<strong>da</strong> a<br />

clássica Polyglotta Africana, compila<strong>da</strong> em Freetown (Serra Leoa) por S. W. Koelle 4 .<br />

O acúmulo de <strong>da</strong>dos no início do século XIX foi concomitante às primeiras<br />

tentativas de classificação de conjunto, como, por exemplo, as realizações de Balbi e,<br />

nas sucessivas edições de Inquiry into the Physical History of Mankind, as de Prichard 5 .<br />

3 KILHAM, H. 1828; NORRIS, E. 1841; CLARKE, I. 1848.<br />

4 KOELLE, S. W. 1963.<br />

5 BALBI, A. 1826. A última edição de J. C. PRICHARD foi revista e aumenta<strong>da</strong> por E. NORRIS;<br />

PRICHARD, J. C. 1855.<br />

319

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!