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Metodologia e Pré-História da África - unesdoc - Unesco

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Os métodos interdisciplinares utilizados nesta obra<br />

Essa associação permanente, essa pesquisa coletiva, deve dispor de um<br />

“mestre -de -obras” para o conjunto do trabalho ou do programa. No entanto,<br />

podem -se designar líderes diferentes para suas diversas fases, conforme<br />

determinado momento <strong>da</strong> investigação requeira preferencialmente um linguista,<br />

outro, um sociólogo, etc. Uma tal estratégia interdisciplinar deverá promover o<br />

enriquecimento mútuo do enfoque de ca<strong>da</strong> disciplina e apurar sua apreensão do<br />

tema comum <strong>da</strong> pesquisa. Ela permite frear rapi<strong>da</strong>mente a progressão às cegas<br />

em situações de impasse e abrir o maior número possível de caminhos fecundos<br />

e atalhos. Esse tipo de pesquisa colegial, que levaria historiadores, antropólogos<br />

culturais, especialistas <strong>da</strong> arte, botânicos, a visitarem os sítios junto com os<br />

arqueólogos, revela -se como uma rede gigante, capaz de recolher tanto em<br />

extensão quanto em profundi<strong>da</strong>de a substância <strong>da</strong> reali<strong>da</strong>de histórica global. Isso<br />

pressupõe que os institutos de estudos africanos, que já são numerosos, possam<br />

a<strong>da</strong>ptar suas estruturas a esse tipo de ação. Pressupõe, sobretudo, a instauração<br />

de uma nova mentali<strong>da</strong>de entre os próprios pesquisadores.<br />

Na ver<strong>da</strong>de, qual é o objetivo desse exercício? É restituir aos africanos uma<br />

visão e uma consciência de seu passado, que não pode ser uma fotocópia <strong>da</strong> vi<strong>da</strong><br />

passa<strong>da</strong>, mas deve, um pouco como na caverna de Platão, reproduzir cenas que<br />

outrora foram reais. A vi<strong>da</strong> é essencialmente integração e coerência, adesão de<br />

forças distintas a um projeto comum. A morte é, por definição, desagregação,<br />

incoerência. A vi<strong>da</strong> individual ou coletiva não é unilinear nem unidimensional;<br />

é um tecido denso e compacto. Por vezes, o romance histórico empreende com<br />

sucesso (em condições certamente mais fáceis) este projeto raramente realizado<br />

por historiadores: a ressurreição do passado. Professores de história, economia,<br />

sociologia, etc. poderiam encontrar matéria para um estudo conjunto nesses<br />

afrescos vivos que são As vinhas <strong>da</strong> ira, de Steinbeck; A condição humana, de<br />

Malraux; e Tchaka, de T. Mofolo.<br />

Sem cair no romance, devemos objetivar a recuperação dessa densi<strong>da</strong>de,<br />

pois, no caso, a vi<strong>da</strong> real foi ain<strong>da</strong> mais palpitante que o romance. A reali<strong>da</strong>de<br />

ultrapassa a ficção. Todo movimento histórico depende do conjunto de todos<br />

os aspectos <strong>da</strong> reali<strong>da</strong>de social. E a reconstituição histórica que deixasse de<br />

considerar todos esses aspectos seria, se não uma anti -história, no mínimo uma<br />

outra história: uma visão facciosa posto que parcial. Evidentemente podemos<br />

nos concentrar num ponto específico do quadro histórico para ampliá -lo, desde<br />

que não nos esqueçamos de que está situado no quadro, sem o qual, mesmo<br />

enquanto ponto, não pode ser perfeitamente compreendido. Essa observação é<br />

ain<strong>da</strong> mais pertinente em se tratando do conjunto do quadro. Os fatos históricos<br />

importantes, como a expansão mande no oeste <strong>da</strong> <strong>África</strong>, são resultantes de<br />

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