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Metodologia e Pré-História da África - unesdoc - Unesco

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A evolução <strong>da</strong> historiografia <strong>da</strong> <strong>África</strong><br />

de ativi<strong>da</strong>de, que corresponde aproxima<strong>da</strong>mente às quatro primeiras déca<strong>da</strong>s<br />

do século XX, ele foi quase com certeza o mais produtivo dos historiadores<br />

<strong>da</strong> <strong>África</strong>. Ele empreendeu inúmeros trabalhos de campo em quase to<strong>da</strong>s as<br />

partes do continente africano e apresentou seus resultados numa série regular de<br />

publicações (pouco li<strong>da</strong>s atualmente). Escrevia em alemão, língua que se tornou<br />

pouco importante para a <strong>África</strong> e os africanistas. Somente uma pequena parte de<br />

suas obras foi traduzi<strong>da</strong>, e seu sentido é geralmente difícil de recuperar, porque<br />

elas estão repletas de teorias míticas relativas à Atlânti<strong>da</strong>, à influência etrusca<br />

sobre a cultura africana, etc.<br />

Aos olhos dos historiadores, arqueólogos e antropólogos atuais, de formação<br />

bastante rigorosa, Frobenius parece um autodi<strong>da</strong>ta original cujos trabalhos<br />

são desvalorizados não apenas por suas interpretações um tanto ousa<strong>da</strong>s, mas<br />

também por seu método de trabalho rápido, sumário e às vezes destrutivo.<br />

Contudo, ele chegou a alguns resultados que anteciparam claramente os obtidos<br />

por pesquisadores que trabalharam com maior rigor científico e que surgiram<br />

depois dele, e a outros difíceis ou mesmo impossíveis de obter nas condições<br />

atuais. Parece que ele possuía um talento instintivo para ganhar a confiança dos<br />

informantes e descobrir <strong>da</strong>dos históricos. Os historiadores modernos deveriam<br />

procurar esses <strong>da</strong>dos nas obras de Frobenius e reavaliá -los em função dos<br />

conhecimentos atuais, liberando -os <strong>da</strong>s interpretações fantasiosas acrescenta<strong>da</strong>s<br />

por ele 26 .<br />

As singulari<strong>da</strong>des de um gênio autodi<strong>da</strong>ta como Frobenius, que buscava<br />

inspiração em si mesmo, contribuíram para reforçar a opinião dos historiadores<br />

profissionais de que a história <strong>da</strong> <strong>África</strong> não constituía um campo aceitável para<br />

sua profissão e desviar assim a atenção de muitos trabalhos sérios realizados<br />

durante o período colonial. O crescimento do interesse dos europeus pela <strong>África</strong><br />

havia proporcionado aos africanos grande varie<strong>da</strong>de de culturas escritas, que<br />

lhes permitia exprimir seu interesse por sua própria história. Foi esse o caso<br />

principalmente <strong>da</strong> <strong>África</strong> ocidental, onde o contato com os europeus havia sido<br />

mais longo e mais constante, e onde – sobretudo nas regiões que se tornaram<br />

colônias britânicas – uma deman<strong>da</strong> pela instrução europeia já existia desde o<br />

26 É impossível num artigo desta dimensão fazer justiça à grandeza <strong>da</strong> produção de FROBENIUS. Sua<br />

última obra de síntese foi Kulturgeschichte Afrikas (Viena, 1933) e sua obra mais notável foi, provavelmente,<br />

a coleção em 12 volumes Atlantis: Volksmärchen und Wolksdichtungen Afrikas (Iena, 1921 -1928). Mas cabe<br />

também mencionar os livros que relatam ca<strong>da</strong> uma de suas expedições, por exemplo, para os Ioruba e<br />

Mosso: Und Afrika Sprach (Berlim -Charlottenburg, 1912 -1913). Ver a bibliografia completa em Fre<strong>da</strong><br />

KRETSCHMAR, Leo Frobenius (1968). Certos artigos recentes em inglês (por exemplo Dr. K. M. ITA.<br />

“Frobenius in West African History”. J. A. H. XIII, 4 (1972) e obras cita<strong>da</strong>s neste artigo sugerem um<br />

renascimento do interesse pela obra de FROBENIUS.<br />

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