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Metodologia e Pré-História da África - unesdoc - Unesco

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Migrações e diferenciações étnicas e linguísticas<br />

aplicação <strong>da</strong>s teses propostas pela escola germânica, construí<strong>da</strong>s sobre sua base<br />

histórico -cultural e tendo por objeto o processo de povoamento do continente<br />

africano através de sucessivas vagas migratórias. De fato, no fim do século XIX e<br />

início do XX, foi lança<strong>da</strong> uma vigorosa ofensiva contra a doutrina evolucionista,<br />

que constituiu a base teórica dos trabalhos de R. Taylor, L. H. Morgan, Lubbock<br />

e outros. A escola de orientação histórico -cultural repudiou a teoria de um<br />

desenvolvimento uniforme e integral <strong>da</strong> humani<strong>da</strong>de, apresentando uma teoria<br />

diametralmente oposta, que postulava a existência de círculos de civilização<br />

diferenciados, identificáveis por critérios intrínsecos derivados principalmente<br />

<strong>da</strong>s culturas materiais. Segundo esses autores, a difusão de aquisições culturais<br />

deveu -se principalmente às migrações. O estudioso alemão Leo Frobenius foi<br />

o primeiro a enunciar essa ideia; depois, Ankermann descreveu a difusão dos<br />

círculos de civilização através <strong>da</strong> <strong>África</strong>. Mas foi Stuhlmann quem elaborou<br />

o quadro mais detalhado do desenvolvimento <strong>da</strong>s culturas africanas. Afirmou<br />

que a população autóctone <strong>da</strong> <strong>África</strong> era constituí<strong>da</strong> de povos de baixa estatura<br />

– os Pigmeus e os San –, que virtualmente não possuíam quaisquer elementos<br />

culturais. Depois, povos negros de pele escura e cabelos crespos chegaram em<br />

vagas migratórias originárias do sudeste <strong>da</strong> Ásia. Espalhando -se por to<strong>da</strong> a<br />

savana su<strong>da</strong>nesa, penetraram na floresta equatorial, introduzindo uma agricultura<br />

rudimentar, o cultivo de bananas e de colocásias, o uso de arco e flecha e de<br />

utensílios de madeira e a construção de cabanas circulares ou quadra<strong>da</strong>s. Esses<br />

povos falavam línguas de tipo isolante. A eles se teriam seguido vagas de proto<br />

camitas, também provenientes <strong>da</strong> Ásia, mas de regiões situa<strong>da</strong>s ao norte <strong>da</strong>s<br />

terras de origem dos negros. Os recém -chegados falavam línguas aglutinantes<br />

com classes nominais. Teriam ensinado aos povos autóctones o uso <strong>da</strong> enxa<strong>da</strong><br />

na agricultura, o cultivo do sorgo e de outras gramíneas, a criação de gado<br />

cornígero de pequeno porte, etc. O cruzamento dos proto -camitas com os<br />

povos negros teria originado os povos bantu. Seguiram -se invasões de camitas<br />

de pele clara, que chegaram à <strong>África</strong> seja através do istmo de Suez seja pelo<br />

estreito de Bab el -Mandeb. Esses povos seriam os ancestrais dos Peul, Masai,<br />

Bari, Galla, Somali e Khoi -Khoi. Teriam introduzido novos elementos culturais,<br />

como o gado cornígero de grande porte, a lança, os múltiplos usos do couro, o<br />

escudo, etc. Segundo Stuhlmann, esses camitas de pele clara são originários <strong>da</strong>s<br />

estepes <strong>da</strong> Ásia ocidental. A vaga seguinte seria constituí<strong>da</strong> por povos semitas,<br />

que teriam lançado os fun<strong>da</strong>mentos <strong>da</strong> civilização do Egito antigo. Teriam<br />

introduzido o cultivo de cereais, o uso do arado e do bronze. Depois, chegaram<br />

ao Egito os Hicsos e Hebreus, enquanto os Habashat e os Mehri fixavam -se nas<br />

terras altas <strong>da</strong> Etiópia. Por último, vieram os árabes, no século VII. Todos esses<br />

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