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Metodologia e Pré-História da África - unesdoc - Unesco

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A tradição oral e sua metodologia<br />

racional de trabalho, que leve em consideração as características particulares de<br />

ca<strong>da</strong> caso. De qualquer forma, devemos visitar os sítios associados aos processos<br />

históricos em estudo. Às vezes, será necessário utilizar uma amostragem de fontes<br />

populares, mas uma amostra não pode ser utiliza<strong>da</strong> casualmente. Devemos estu<strong>da</strong>r,<br />

numa área restrita, quais as regras que determinam o nascimento de variantes<br />

e estabelecer, a partir delas, os princípios <strong>da</strong> amostragem a serem adotados.<br />

Coletar uma vasta quanti<strong>da</strong>de de material de forma indiscrimina<strong>da</strong> não pode<br />

produzir o mesmo resultado, ain<strong>da</strong> que se possa trabalhar mais rapi<strong>da</strong>mente. O<br />

pesquisador deve ter cui<strong>da</strong>do ao estu<strong>da</strong>r a transmissão. É ca<strong>da</strong> vez mais comum<br />

encontrar informantes que adquiriram seu conhecimento a partir de trabalhos<br />

publicados sobre a história <strong>da</strong> região: livros escolares, jornais ou publicações<br />

científicas; assim como podem tê -lo adquirido em conferências transmiti<strong>da</strong>s<br />

pelo rádio ou pela televisão. O problema acentuar -se -á, inevitavelmente, com a<br />

ampliação <strong>da</strong> pesquisa.<br />

Hoje em dia percebe -se que existe uma contaminação mais sutil. Alguns<br />

manuscritos, às vezes muito velhos, e especialmente relatórios dos primeiros<br />

tempos <strong>da</strong> administração colonial foram tomados pela tradição como ver<strong>da</strong>des<br />

“ancestrais”. Fontes arquivísticas devem, portanto, ser cui<strong>da</strong>dosamente<br />

examina<strong>da</strong>s, assim como a possível influência de trabalhos científicos, livros<br />

escolares, transmissões de rádio, etc. Pois, se o fato é verificado em campo, pode-<br />

-se frequentemente corrigir esses <strong>da</strong>dos insidiosos buscando -se outras versões e<br />

explicando -se aos informantes que o livro ou o rádio não estão necessáriamente<br />

certos no que diz respeito àquele assunto. Mas, uma vez longe do campo, será<br />

tarde demais.<br />

É preciso estruturar a pesquisa de acordo com uma níti<strong>da</strong> toma<strong>da</strong> de<br />

consciência histórica. Não é possível recolher “to<strong>da</strong>s as tradições”; tentar fazê -lo<br />

só nos levaria a uma massa confusa de informações. É necessário primeiramente<br />

saber quais os problemas históricos que se quer estu<strong>da</strong>r e então procurar as<br />

fontes correspondentes. Ao eleger um objeto de estudo, o pesquisador deve,<br />

evidentemente, ter interiorizado a cultura em questão. Ele pode, então, como<br />

acontece frequentemente, voltar seu interesse para a história política. Mas pode<br />

também optar por questões <strong>da</strong> história social, econômica, religiosa, cultural ou<br />

artística, etc. Para ca<strong>da</strong> caso, a estratégia utiliza<strong>da</strong> na coleta <strong>da</strong> tradição será<br />

diferente. A maior deficiência <strong>da</strong>s pesquisas que se fazem atualmente é a falta<br />

de consciência histórica. Há uma forte tendência em se deixar guiar pelo que<br />

se encontra.<br />

Falta de paciência é outro perigo. Reputa -se, por vezes, necessário <strong>da</strong>r conta<br />

o mais depressa possível de uma grande parte do trabalho. Nessas circunstâncias,<br />

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