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Metodologia e Pré-História da África - unesdoc - Unesco

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Geografia histórica: aspectos econômicos<br />

pastores -criadores que formaram, graças à fusão com outros povos, a socie<strong>da</strong>de<br />

dos Tutsi e Hutu de Ruan<strong>da</strong> e do Burundi atuais.<br />

Sem dúvi<strong>da</strong>, a história <strong>da</strong> <strong>África</strong> teria sido diferente se o continente não<br />

tivesse conhecido a tsé -tsé. Uma vez que a presença dessa mosca impossibilitava<br />

a utilização do gado de grande porte pelas comuni<strong>da</strong>des agrícolas, esses animais<br />

nunca foram empregados para tração. Tampouco se criaram condições para a<br />

descoberta <strong>da</strong> ro<strong>da</strong>, de fun<strong>da</strong>mental importância. Por outro lado, a facili<strong>da</strong>de de<br />

deslocamento de certos povos, propicia<strong>da</strong> pela presença do gado de montaria,<br />

não deixou de incitá -los à agressão e, eventualmente, ao domínio político sobre<br />

povos sedentários. 14<br />

O mosquito transmissor <strong>da</strong> malária e o gafanhoto representam também<br />

fatores zoológicos adversos. Dentre as muitas espécies de mosquitos capazes de<br />

transmitir os diferentes tipos de parasitas <strong>da</strong> malária, algumas são mais atraí<strong>da</strong>s<br />

pelo sangue humano que outras. O mosquito transmissor mais frequente na <strong>África</strong><br />

é o Anopheles gambiae, de difícil erradicação pois, alimentando -se também do<br />

sangue animal, consegue sobreviver mesmo quando temporariamente impedido<br />

de atacar o homem. O mosquito em geral procria em águas estagna<strong>da</strong>s, sendo<br />

mais incidente nas imediações de pântanos e rios. Sua reprodução cresce com o<br />

aumento <strong>da</strong>s chuvas, e as altas temperaturas estimulam tanto o desenvolvimento<br />

de suas larvas quanto o ciclo do plasmódio no inseto adulto. Já as temperaturas<br />

mais frias dos locais de maior altitude reduzem sua virulência. Assim, a malária<br />

endêmica tende a desaparecer em altitudes acima de 1000 metros, ain<strong>da</strong> que<br />

sua transmissão possa persistir.<br />

Não se sabe ao certo desde quando esse mosquito é parte integrante do meio<br />

humano na <strong>África</strong>. A grande porcentagem de células de Golgi encontra<strong>da</strong>s em<br />

muitas populações africanas parece indicar uma longa e estreita relação entre<br />

essas células e a evolução <strong>da</strong> população na <strong>África</strong>. Tal peculiari<strong>da</strong>de certamente<br />

se deve ao impacto multissecular <strong>da</strong> seleção, que favoreceu a sobrevivência dessas<br />

populações em condições de infecção hiperendêmica <strong>da</strong> malária.<br />

Na medi<strong>da</strong> em que tornou bem menores as chances de sobrevivência de<br />

grupos humanos não -a<strong>da</strong>ptados, o mosquito <strong>da</strong> malária também desempenhou<br />

papel importante na história do continente. Até o século XX, ele efetivamente<br />

desencorajou os europeus na tentativa de se instalarem sob o clima quente e<br />

úmido <strong>da</strong> <strong>África</strong> ocidental, resguar<strong>da</strong>ndo, assim, a região dos problemas inter-<br />

-raciais que abalaram a história <strong>da</strong>s terras altas <strong>da</strong> <strong>África</strong> do norte, do leste, do<br />

centro e do sul, vítimas <strong>da</strong> colonização.<br />

14 Ver a esse respeito o papel <strong>da</strong> cavalaria na formação dos Estados, sobretudo ao norte do equador.<br />

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