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Metodologia e Pré-História da África - unesdoc - Unesco

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<strong>Pré</strong> -<strong>História</strong> <strong>da</strong> <strong>África</strong> Central<br />

no decorrer do último e breve período úmido: o Nakuriano. O clima de então<br />

é sensivelmente o mesmo que conhecemos hoje. A cobertura florestal é mais<br />

densa, pois ain<strong>da</strong> não sofreu a ação devastadora do homem, e as espécies vegetais<br />

são as que existem atualmente.<br />

É portanto, no interior de uma floresta tropical muito densa que, vindos<br />

do norte, depois de atravessar o rio nos arredores dos rápidos de Isanghila, os<br />

criadores de uma cultura neolítica conheci<strong>da</strong> como “do Congo ocidental” vão<br />

aos poucos se instalando. São eles portadores de novas técnicas, que, em maior<br />

ou menor grau, irão fundir -se com as já existentes no local. Esse Neolítico<br />

distingue -se pelo emprego quase exclusivo de rochas difíceis de trabalhar, como<br />

os xistos, quartzos e a jadeíta. As lascas são, portanto, muito malfeitas, resultando<br />

um instrumental medíocre. Os conjuntos de utensílios variam conforme os<br />

sítios. Incluem picões grosseiramente elaborados, buris, seixos lascados, de<br />

pequenas dimensões, pedras perfura<strong>da</strong>s de várias formas, pesos e materiais e,<br />

sobretudo, um grande número de machados. Estes últimos são inicialmente<br />

lascados e parcialmente polidos; depois, picoteados e polidos cui<strong>da</strong>dosamente.<br />

No Zaire são conhecidos inúmeros polidores, que certamente serviram ao<br />

polimento de machados. As pontas de flechas não estão ausentes, mas em geral<br />

são de fabricação muito medíocre e talha<strong>da</strong>s em lascas de quartzo. Em alguns<br />

sítios, mais especificamente em Ishango, a indústria apresenta utensílios de osso,<br />

em particular arpões com uma e, mais tarde, com duas cama<strong>da</strong>s de farpas. Ao<br />

lado desse instrumental lítico e ósseo, figura em algumas jazi<strong>da</strong>s uma cerâmica<br />

abun<strong>da</strong>nte, muito bem decora<strong>da</strong> e ornamenta<strong>da</strong>.<br />

As jazi<strong>da</strong>s neolíticas são conheci<strong>da</strong>s no Cuango ocidental, em associação<br />

com o Tshitoliense; em ambas as margens do rio Zaire, entre o Pool e Congo<br />

dia Vanga; e em vários pontos <strong>da</strong> República Popular do Congo. Uma fácies<br />

que apresenta grande número de machados de hematita com polimento<br />

particularmente cui<strong>da</strong>doso é encontra<strong>da</strong> em Uele, no norte do Zaire. O Neolítico<br />

é conhecido (sob diversas fácies, como já indicamos) em Camarões, no Gabão<br />

e na República Centro -Africana. Nesse último país, a jazi<strong>da</strong> de Batalimo, em<br />

Lobaye, encerra uma indústria em jadeíta na qual inúmeros machados lascados<br />

encontram -se associados a uma cerâmica muito fina. A <strong>da</strong>tação dessa indústria,<br />

feita pelo método de termoluminescência, é 380 ±220 <strong>da</strong> Era Cristã. A <strong>da</strong>ta,<br />

à primeira vista, pode parecer anormal; contudo, pelo que atualmente se sabe,<br />

o Neolítico na zona <strong>da</strong> grande floresta parece ter durado muito mais tempo<br />

que nas outras regiões, prolongando -se até um período histórico. A introdução<br />

dos metais no local teria ocorrido só bem mais tarde. Alguns autores situam o<br />

advento do ferro num período já próximo do século IX <strong>da</strong> Era Cristã.<br />

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