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Metodologia e Pré-História da África - unesdoc - Unesco

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Fontes e técnicas específicas <strong>da</strong> história <strong>da</strong> <strong>África</strong> – Panorama Geral<br />

respostas adequa<strong>da</strong>s a esta questão e estabelecer as distinções necessárias. O<br />

caráter “feu<strong>da</strong>l” <strong>da</strong> organização dos Bariba (Daomé) já foi assinalado, sobretudo<br />

como hipótese de trabalho. O estágio pouco avançado <strong>da</strong>s pesquisas sobre a<br />

questão do “feu<strong>da</strong>lismo” na <strong>África</strong> negra exige do historiador uma prudência<br />

maior. E parece que as tendências “feu<strong>da</strong>is” apresenta<strong>da</strong>s pelas socie<strong>da</strong>des <strong>da</strong><br />

<strong>África</strong> negra não devem ser defini<strong>da</strong>s em relação a direitos reais devidos à<br />

atribuição de um “feudo”, mas sobretudo em relação a uma forma de organização<br />

política basea<strong>da</strong> num sistema de relações sociais e econômicas particulares.<br />

Dessa forma, as análises dos sociólogos e cientistas políticos podem constituir<br />

fontes exploráveis pelo historiador. Os “arquivos” do historiador, na <strong>África</strong>,<br />

variam enormemente em função dos materiais e períodos históricos, e também<br />

<strong>da</strong> curiosi<strong>da</strong>de do próprio historiador.<br />

Na <strong>África</strong>, as séries documentais são estabeleci<strong>da</strong>s pelos mais diversos tipos<br />

de ciências – exatas, naturais, humanas e sociais. O “relato” histórico renovou -se<br />

completamente, na medi<strong>da</strong> em que a metodologia consiste em empregar várias<br />

fontes e técnicas particulares ao mesmo tempo e de modo cruzado. Informações<br />

forneci<strong>da</strong>s pela tradição oral, os raros manuscritos árabes, as escavações<br />

arqueológicas e o método do carbono residual ou carbono 14 reintroduziram<br />

definitivamente o “legendário” povo Sao (Chade, Camarões, Nigéria) na história<br />

autêntica <strong>da</strong> <strong>África</strong>. A colina de M<strong>da</strong>ga, na República do Chade, foi ocupa<strong>da</strong><br />

por um longo período – durante cerca de 2500 anos, do século V antes <strong>da</strong> Era<br />

Cristã à metade do século XIX <strong>da</strong> Era Cristã. Sem a exploração global e cruza<strong>da</strong><br />

de fontes tão diversas, teria sido totalmente impossível chegar a conclusões de<br />

tal modo pertinentes e inespera<strong>da</strong>s.<br />

As noções clássicas <strong>da</strong> crítica histórica, tais como “ciências auxiliares”,<br />

“escolha de fontes”, “materiais históricos nobres”, etc., são doravante aboli<strong>da</strong>s <strong>da</strong><br />

pesquisa histórica africana, o que assinala uma importante etapa na historiografia<br />

contemporânea.<br />

A prática <strong>da</strong> história na <strong>África</strong> torna -se um permanente diálogo interdisciplinar.<br />

Novos horizontes se esboçam graças a um esforço teórico inédito. A noção de<br />

“fontes cruza<strong>da</strong>s” exuma, por assim dizer, do subsolo <strong>da</strong> metodologia geral, uma<br />

nova maneira de escrever a história. A elaboração e a articulação <strong>da</strong> história <strong>da</strong><br />

<strong>África</strong> podem, consequentemente, desempenhar um papel exemplar e pioneiro<br />

na associação de outras disciplinas à investigação histórica.<br />

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