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Metodologia e Pré-História da África - unesdoc - Unesco

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Geografia histórica: aspectos econômicos<br />

Possibilitando abun<strong>da</strong>ntes colheitas, esses dois tipos de terreno favoreceram o<br />

crescimento de densas populações humanas. Quando tal concentração conduziu<br />

a um alto grau de organização social e de controle do meio ambiente – como<br />

ocorreu no vale do Nilo durante o Neolítico <strong>Pré</strong> -Dinástico – reuniram -se as<br />

condições para uma aceleração do progresso. Isso implicou, no caso citado,<br />

o desenvolvimento de uma civilização urbana, a diferenciação de classes, um<br />

artesanato refinado, uma arquitetura monumental e, finalmente, o uso <strong>da</strong> escrita.<br />

Foi o resultado não só de relações ca<strong>da</strong> vez mais regulares com a Mesopotâmia<br />

mas também <strong>da</strong> possibili<strong>da</strong>de de manter uma população densa, composta de<br />

vários grupos sociais, graças à prosperi<strong>da</strong>de de uma agricultura, que, para a<br />

época, deve ter sido impressionante.<br />

Condições semelhantes estabeleceram -se, mais tarde, em outras regiões <strong>da</strong><br />

<strong>África</strong>; por exemplo, na curva do Níger, quando <strong>da</strong> criação do império de Gana,<br />

no início do período “medieval”. Mas, apesar de outras áreas apresentarem solos<br />

relativamente férteis, vastas extensões do continente, em particular as planícies de<br />

altitude, que há milhões de anos vêm sofrendo os efeitos <strong>da</strong> lixiviação, possuem<br />

solos de pequena espessura que carecem de nutrientes, sendo ain<strong>da</strong> hoje de<br />

limitado interesse para a agricultura. Nessas regiões, foi unicamente através <strong>da</strong><br />

alternação de culturas que o homem conseguiu sobreviver desde o Neolítico.<br />

Esse tipo de economia representa evidente desperdício no que concerne ao<br />

uso do solo, tendo sido obstáculo à formação de comuni<strong>da</strong>des relativamente<br />

densas. A distribuição esparsa <strong>da</strong> população em extensas áreas do continente,<br />

bem como os efeitos dessa dispersão na evolução social devem ser considerados<br />

como um fator nefasto na história <strong>da</strong> <strong>África</strong>. É indiscutível que a fertili<strong>da</strong>de<br />

de qualquer região depende tanto de suas características próprias quanto <strong>da</strong><br />

eficácia <strong>da</strong> exploração do solo. Também é certo que, em outras regiões do mundo,<br />

socie<strong>da</strong>des que hoje atingiram um alto nível de evolução social atravessaram<br />

fases em que sua economia dependeu, igualmente, de culturas acidentais. Na<br />

<strong>África</strong>, a exploração racional do solo é de fun<strong>da</strong>mental importância para a<br />

evolução social. Determinante no passado, ela indica o caminho a seguir para<br />

encetar seriamente o ciclo de um progresso decisivo.<br />

Conclusão<br />

A geografia histórica <strong>da</strong> <strong>África</strong> – sobretudo no que diz respeito aos aspectos<br />

econômicos – apresenta a imagem de um continente com o qual a natureza<br />

se mostrou de uma benevolência extrema, ao menos superficialmente. Esse<br />

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