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Metodologia e Pré-História da África - unesdoc - Unesco

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Origens, desenvolvimento e expansão <strong>da</strong>s técnicas agrícolas<br />

Ademais, desde o fim do Pleistoceno, ou seja, entre -9000 e o início do<br />

Makaliense, parecem ter existido no continente africano locais privilegiados<br />

onde a coleta abun<strong>da</strong>nte certamente encorajou a concentração de populações<br />

humanas. Foi o que aconteceu nas zonas de transição entre floresta e savana<br />

situa<strong>da</strong>s na periferia <strong>da</strong> floresta equatorial, nos planaltos herbosos do leste <strong>da</strong><br />

<strong>África</strong>, nas margens dos lagos e grandes rios, inclusive o Nilo, assim como nas<br />

regiões litorâneas ao norte e ao sul do continente 16 .<br />

Essas zonas de transição, particularmente a interface floresta -savana, tornaram-<br />

-se, muito mais tarde, “nichos” privilegiados para o desenvolvimento <strong>da</strong> agricultura<br />

e, consequentemente, para a emergência de algumas <strong>da</strong>s civilizações africanas.<br />

Randles (op. cit.) escreve a esse respeito que é “nos limites <strong>da</strong>s duas savanas (sahel<br />

e orlas de florestas) que se situam as mais prestigiosas civilizações bantu”.<br />

Passamos agora a considerar mais detalha<strong>da</strong>mente as possibili<strong>da</strong>des de<br />

domesticação vegetal que o continente africano oferecia, já que, de acordo com<br />

a lógica <strong>da</strong> ecologia, são as plantas os produtores primários.<br />

A origem africana de certas plantas cultiva<strong>da</strong>s<br />

As ciências naturais só começaram a se interessar pela origem <strong>da</strong>s plantas<br />

cultiva<strong>da</strong>s há relativamente pouco tempo. Na ver<strong>da</strong>de, com exceção <strong>da</strong> notável<br />

obra de A. de Candolle, publica<strong>da</strong> em 1883, foi só com os trabalhos do geneticista<br />

soviético N. I. Vavilov e de sua equipe, logo após a revolução de outubro<br />

de 1917, que se desenvolveu uma abor<strong>da</strong>gem sintética, em escala mundial,<br />

dessa questão de fun<strong>da</strong>mental importância para a história <strong>da</strong> humani<strong>da</strong>de: a<br />

a<strong>da</strong>ptação do meio ambiente e a utilização de seus recursos 17 . Combinando<br />

uma análise sistemática de <strong>da</strong>dos botânicos e fitogeográficos com levantamentos<br />

agrobotânicos e estudos genéticos, Vavilov e seus colaboradores, com base na<br />

variabili<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s plantas cultiva<strong>da</strong>s, reconheceram a existência de oito centros de<br />

origem de plantas cultiva<strong>da</strong>s (dos quais três são centros secundários, isto é, ligados<br />

a centros regionais importantes). Apenas um desses centros, o Abissínio, está<br />

situado na <strong>África</strong>, enquanto um outro, o Mediterrâneo, compreende uma parte do<br />

continente africano (<strong>África</strong> do Norte, Egito) e apresenta, igualmente, afini<strong>da</strong>des<br />

com o vasto e importante centro do Oriente Próximo onde surgiram, entre outras<br />

plantas cultiva<strong>da</strong>s, os cereais mais importantes (trigo, ceva<strong>da</strong>, centeio).<br />

16 Ver CLARK, J. D. 1970.<br />

17 Sobre a vasta obra de N. I. VAVILOV ver 1951, op. cit.<br />

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