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Metodologia e Pré-História da África - unesdoc - Unesco

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Migrações e diferenciações étnicas e linguísticas<br />

de grupos que se acumularam nessas áreas inóspitas. As crônicas su<strong>da</strong>nesas<br />

referem -se a alguns desses eventos, demonstrando, assim, que não se trata de<br />

um processo muito antigo. Por isso, a fragmentação dialetal na <strong>África</strong> deve ser<br />

liga<strong>da</strong>, antes de tudo, a causas históricas que impulsionaram vagas ou infiltrações<br />

migratórias.<br />

Dentre as línguas do Sudão oriental, que são as menos estu<strong>da</strong><strong>da</strong>s, as nilóticas<br />

constituem, talvez, um grupo à parte, uma espécie de família geneticamente<br />

integra<strong>da</strong>, que deve ter se desenvolvido durante um longo período de isolamento.<br />

A extrema complexi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> composição étnica e linguística dos povos do<br />

Sudão oriental é mostra<strong>da</strong> no notável trabalho dos linguistas ingleses M. A.<br />

Bryan e A. N. Tucker. Seguindo um método, ao que parece, bastante racional,<br />

utilizaram como critérios certos traços linguísticos característicos, opondo as<br />

línguas T/K e N/K. Dentre os grupos linguísticos dessa grande família congo-<br />

-saariana, as línguas bantu apresentam um parentesco genético tão notável que<br />

pode ser encarado como um fenômeno relativamente recente. Não só linguistas<br />

como também historiadores e arqueólogos empenharam -se em eluci<strong>da</strong>r a “gênese<br />

dos Bantu”. Mas as hipóteses diferem. Alguns presumem que a migração bantu,<br />

partindo do norte, mais precisamente <strong>da</strong> região do Camarões ou <strong>da</strong> bacia do<br />

Chade, teria margeado a floresta de modo a contorná -la a leste e, passando pela<br />

<strong>África</strong> oriental, ter -se -ia difundido na <strong>África</strong> meridional. Outros, como Sir H.<br />

Johnston, acreditam que os Bantu vieram diretamente <strong>da</strong> região centro -africana,<br />

através <strong>da</strong> floresta do Zaire. Por fim, alguns estudiosos, de acordo com a teoria<br />

do linguista M. Guthrie, que situa o núcleo linguístico protótipo dos Bantu entre<br />

os Luba e Bemba no Alto Zaire, apontam essa região como seu lugar de origem.<br />

Avançando ain<strong>da</strong> mais, chega -se a apresentar os povos de língua bantu como<br />

uma uni<strong>da</strong>de cultural e biológica, esquecendo -se que o termo bantu é apenas<br />

uma referência linguística. To<strong>da</strong>via, alguns arqueólogos associam a difusão do<br />

ferro na parte meridional do continente à migração dos Bantu, que teriam<br />

introduzido uma tecnologia superior. Ora, ao desembarcar na ilha de Fernando<br />

Pó, no fim do século XV, os portugueses encontraram uma população que falava<br />

bubi, língua bantu, mas que desconhecia o uso do ferro. Esse erro, que consiste<br />

em confundir língua e modo de vi<strong>da</strong> ou de produção, já tinha sido cometido pelos<br />

etnógrafos, que acumularam no conceito de camita uma uni<strong>da</strong>de de raça, língua<br />

e civilização; ora, importa não insistir em se procurar tipos puros na evolução<br />

histórica. De fato, os povos Bantu diferem grandemente do ponto de vista<br />

antropológico: cor <strong>da</strong> pele, altura, dimensões corporais, etc. Assim, os Bantu <strong>da</strong>s<br />

florestas têm características somáticas diferentes dos Bantu que vivem na savana.<br />

Também há grandes variações no tipo de ativi<strong>da</strong>de econômica e na organização<br />

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