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Metodologia e Pré-História da África - unesdoc - Unesco

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<strong>Pré</strong> -<strong>História</strong> <strong>da</strong> <strong>África</strong> do Norte<br />

As fácies capsienses<br />

A “série capsiense” foi a mola mestra <strong>da</strong>s hipóteses de R. Vaufrey: Capsiense<br />

“típico”, “superior” e “de tradição capsiense”. Embora essa estrutura simplista<br />

tenha sido justamente critica<strong>da</strong>, com base sobretudo em inúmeras <strong>da</strong>tas<br />

radiométricas, deve -se reconhecer que as pesquisas realiza<strong>da</strong>s a este respeito<br />

não atingiram os progressos desejados nos últimos vinte anos. Salvo exceções<br />

muito raras, as escavações nos “viveiros de caracóis” ain<strong>da</strong> não possibilitaram um<br />

meio de identificar as estratigrafias nem as estruturas arqueológicas.<br />

Enquanto não dispusermos de cortes suficientes para observar as superposições<br />

<strong>da</strong>s diversas fácies capsienses, basearemos as contemporanei<strong>da</strong>des e as sequências<br />

nas <strong>da</strong>tas C14, muito menos confiáveis que uma boa estratigrafia. Tendo sido<br />

estabeleci<strong>da</strong> em vários pontos, a superposição Capsiense Superior/Capsiense<br />

típico permanece o ponto de parti<strong>da</strong> de to<strong>da</strong> a classificação. Em ambos os<br />

casos as jazi<strong>da</strong>s reúnem grande quanti<strong>da</strong>de de resíduos revolvidos, uma mistura<br />

de cinzas e seixos queimados, milhares de conchas de caracóis, fragmentos de<br />

ossa<strong>da</strong>s de animais consumidos pelo homem, sua indústria lítica e óssea, objetos<br />

de adorno, arte mobiliária, restos humanos, etc. Admitimos até certa especulação<br />

a respeito de habitats sob cabanas que deram origem a esses resíduos; talvez<br />

cabanas de caniços ligados entre si por argila, se considerarmos uma descoberta,<br />

infelizmente demasiado antiga, feita na região de Khenchela (Argélia oriental).<br />

A indústria lítica do Capsiense típico é de uma quali<strong>da</strong>de notável. Os buris<br />

de ângulo sobre truncatura são excepcionalmente frequentes. Menos numerosas,<br />

mas também características, são as grandes lâminas com bor<strong>da</strong> de preensão<br />

retoca<strong>da</strong>, conheci<strong>da</strong>s às vezes por “facas” com dorso ocreado. As lamelas<br />

com bor<strong>da</strong> de preensão retoca<strong>da</strong> representam de 1/4 a 1/3 do instrumental<br />

lítico, sendo às vezes obti<strong>da</strong>s por meio de retoque <strong>da</strong>s extremi<strong>da</strong>des dos buris<br />

(aiguillons droits de Gobert). Já existem microburis que não provêm, como no<br />

Iberomaurusiense, <strong>da</strong> fabricação <strong>da</strong>s “pontas <strong>da</strong> Mouila”, mas <strong>da</strong> manufatura de<br />

ver<strong>da</strong>deiros micrólitos geométricos (trapézios, triângulos escalenos). A indústria<br />

óssea é pobre. O Capsiense típico só é conhecido numa zona bem delimita<strong>da</strong>,<br />

em ambos os lados <strong>da</strong> fronteira <strong>da</strong> Argélia com a Tunísia, mais ao sul do que ao<br />

norte do paralelo 35. Se considerarmos as <strong>da</strong>tações radiométricas, o Capsiense<br />

típico abrangeria somente o sétimo milênio. Seria portanto, nesta mesma zona,<br />

contemporâneo do Capsiense “superior”, fato que contraria as estratigrafias<br />

já conheci<strong>da</strong>s. Só acreditarei nessa teoria quando o Capsiense “superior” for<br />

encontrado sob o Capsiense típico! Neste caso, de onde surgiria o Capsiense<br />

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