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Metodologia e Pré-História da África - unesdoc - Unesco

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38 <strong>Metodologia</strong> e pré -história <strong>da</strong> <strong>África</strong><br />

de um fenômeno mais amplo. A <strong>África</strong> não é a única região a possuir uma<br />

herança intelectual <strong>da</strong> época colonial que deve ser transcendi<strong>da</strong>. No século XIX,<br />

os europeus conquistaram e subjugaram a maior parte <strong>da</strong> Ásia, enquanto na<br />

América tropical o subdesenvolvimento e a dominação exerci<strong>da</strong> pelos povos de<br />

origem europeia sobre as populações afro -americanas e indígenas reproduziram<br />

as condições do colonialismo nas próprias áreas onde as convenções do direito<br />

internacional apontavam um grupo de Estados independentes. No século XIX<br />

e no início do século XX, a marca do regime colonial sobre os conhecimentos<br />

históricos falseia as perspectivas em favor de uma concepção eurocêntrica <strong>da</strong><br />

história do mundo, elabora<strong>da</strong> na época <strong>da</strong> hegemonia europeia. A partir <strong>da</strong>í,<br />

tal concepção é difundi<strong>da</strong> por to<strong>da</strong> parte graças aos sistemas educacionais<br />

instituídos pelos europeus no mundo colonial. Mesmo nas regiões onde jamais<br />

se verificara a dominação europeia, os conhecimentos europeus, inclusive os<br />

aspectos <strong>da</strong> historiografia eurocêntrica, impõem -se por sua moderni<strong>da</strong>de.<br />

Hoje, essa visão eurocêntrica do mundo praticamente desapareceu <strong>da</strong>s<br />

melhores obras históricas recentes; mas ela ain<strong>da</strong> predomina em numerosos<br />

historiadores e no grande público tanto ocidental quanto não ocidental 1 . Esta<br />

persistência deve -se ao fato de que, em geral, “aprendia -se história” na escola,<br />

não havendo mais ocasiões para rever os conhecimentos adquiridos. Os próprios<br />

historiadores especializados na pesquisa sentem dificul<strong>da</strong>des em se manter a par<br />

<strong>da</strong>s descobertas estranhas a seu campo de ativi<strong>da</strong>de. Comparados às últimas<br />

pesquisas, os manuais estão de dez a vinte anos atrasados, enquanto as obras<br />

de história geral conservam frequentemente os preconceitos antiquados de um<br />

saber em desuso. Nenhuma interpretação nova, nenhum elemento novo adquire<br />

sem luta direito à ci<strong>da</strong><strong>da</strong>nia.<br />

A despeito dos prazos que separam a descoberta de sua difusão, os estudos<br />

de história atravessam, em seu conjunto, uma dupla revolução. Inicia<strong>da</strong> logo após<br />

a Segun<strong>da</strong> Guerra Mundial, tal revolução ain<strong>da</strong> não acabou. Trata -se, por um<br />

lado, <strong>da</strong> transformação <strong>da</strong> história, partindo <strong>da</strong> crônica para chegar a uma ciência<br />

social que trate <strong>da</strong> evolução <strong>da</strong>s socie<strong>da</strong>des humanas; por outro, <strong>da</strong> substituição<br />

dos preconceitos nacionais por uma visão mais ampla.<br />

Em favor destas novas tendências, chegaram contribuições de todos os lados:<br />

<strong>da</strong> própria Europa; de historiadores <strong>da</strong> nova escola na <strong>África</strong>, na Ásia e na<br />

América Latina; dos europeus de ultramar – <strong>da</strong> América do Norte e <strong>da</strong> Oceania.<br />

1 O termo “Ocidente” é empregado neste capítulo para designar as regiões do mundo culturalmente<br />

europeias ou cuja cultura deriva sobretudo <strong>da</strong> cultura europeia; ele engloba portanto, além <strong>da</strong> própria<br />

Europa, as Américas, a União Soviética, a Austrália e a Nova Zelândia.

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