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Metodologia e Pré-História da África - unesdoc - Unesco

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286 <strong>Metodologia</strong> e pré -história <strong>da</strong> <strong>África</strong><br />

são decisivas. Primeiramente, eles são quase sempre monométricos, isto é, sua<br />

presença depende de um só gene, enquanto o índice cefálico, por exemplo, é o<br />

produto de um complexo de fatores dificilmente localizáveis 3 .<br />

Além disso, enquanto os critérios morfológicos são traduzidos em números<br />

utilizados para classificações com fronteiras arbitrárias ou mal defini<strong>da</strong>s, como<br />

por exemplo entre o braquicéfalo típico e o dolicocéfalo típico, os marcadores<br />

sanguíneos obedecem à lei do tudo ou na<strong>da</strong>. Uma pessoa é ou não do grupo<br />

A, tem fator Rh+ ou Rh - e assim por diante. Além disso, os fatores sanguíneos<br />

independem quase inteiramente <strong>da</strong> pressão do meio. O hemótipo é fixado para<br />

sempre, desde a formação do ovo. Eis por que os marcadores sanguíneos escapam<br />

ao subjetivismo <strong>da</strong> tipologia morfológica. Aqui, o indivíduo é identificado por<br />

um conjunto de fatores gênicos, e a população por uma série de frequências<br />

gênicas. A grande precisão desses fatores compensa seu caráter parcial em<br />

relação à massa dos genes no conjunto de um genoma. Isso tornou possível<br />

elaborar um atlas <strong>da</strong>s “raças” tradicionais.<br />

Três categorias de fatores sanguíneos foram estabeleci<strong>da</strong>s. Algumas, como<br />

o sistema ABO, são encontra<strong>da</strong>s em to<strong>da</strong>s as “raças” tradicionais sem exceção.<br />

Certamente elas preexistiam à hominização. Outros fatores como os do sistema<br />

Rh são onipresentes, mas com certa predominância racial. Assim, o cromossomo<br />

r existe principalmente entre os brancos. O cromossomo Ro, conhecido como<br />

“cromossomo africano”, tem uma frequência particularmente alta entre os negros<br />

ao sul do Saara. Trata -se, certamente, de sistemas que <strong>da</strong>tam do momento<br />

em que a humani<strong>da</strong>de começava a se propagar em nichos ecológicos variados.<br />

Outra categoria de sistemas denota uma repartição racial mais marca<strong>da</strong>, como<br />

os fatores Sutter e Henshaw, encontrados quase que unicamente entre os negros,<br />

e o fator Kell, presente sobretudo entre os brancos. Embora eles nunca sejam<br />

exclusivos, foram qualificados de “marcadores raciais”. Enfim, alguns fatores são<br />

geograficamente muito circunscritos como, por exemplo, a hemoglobina C para<br />

as populações do planalto voltense.<br />

Embora os fatores sanguíneos sejam desprovidos de valor a<strong>da</strong>ptativo, não<br />

escapam inteiramente à ação do meio infeccioso ou parasitário; este pode exercer<br />

sobre eles uma triagem com valor seletivo, levando, por exemplo, à presença<br />

de hemoglobinas características. Isso ocorre com relação às hemoglobinoses S,<br />

liga<strong>da</strong>s à existência de células falciformes ou drepanócitos entre as hemácias.<br />

Elas foram detecta<strong>da</strong>s no sangue dos negros <strong>da</strong> <strong>África</strong> e <strong>da</strong> Ásia. Perigosa<br />

3 Cf. RUFFIE, J. (?)

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