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Metodologia e Pré-História da África - unesdoc - Unesco

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<strong>Pré</strong> -<strong>História</strong> <strong>da</strong> <strong>África</strong> do Norte<br />

esperar as minuciosas análises tipológicas de J. Tixier para substituir um<br />

conjunto de formas precisas, por uma técnica global, o que havia sido mais<br />

ou menos percebido por certos pré -historiadores, em particular o Dr. Gobert,<br />

na Tunísia. As novas escavações feitas por E. Saxon na jazi<strong>da</strong> de Tamar Hat<br />

(cornija de Bejaia, Argélia) tornaram possível obter <strong>da</strong>tas isotópicas muito altas<br />

e compreender melhor estes caçadores de carneiros monteses, habitantes de<br />

grutas litorâneas separa<strong>da</strong>s do mar por pântanos e uma plataforma continental<br />

emersa, rica em mariscos. O Iberomaurusiense é, na reali<strong>da</strong>de, uma civilização<br />

litorânea e teliense que, entretanto, conheceu penetrações continentais. Destas,<br />

a jazi<strong>da</strong> menos discutível é a de Columnata (Tiaret, Argélia). Isto não impede<br />

que a região de Tânger e a costa do Sahel tunisiano pareçam muito vazias. A<br />

ausência de Iberomaurusiense na região que vai <strong>da</strong> Tunísia até o sul do Uede<br />

Medjer<strong>da</strong> pode ser atribuí<strong>da</strong> a um desenvolvimento separado, que será exposto<br />

mais adiante.<br />

Mesmo analisado em detalhe, o instrumental Iberomaurusiense permanece<br />

pobre. Algumas centenas de microburis recolhidos bem depois <strong>da</strong>s escavações,<br />

na jazi<strong>da</strong> típica <strong>da</strong> Mouila (perto de Maghnia, Argélia), confirmaram estarem<br />

eles vinculados à fabricação de pontas em triedro pontiagudo (chama<strong>da</strong>s “pontas<br />

<strong>da</strong> Mouila”) e não à de micrólitos geométricos, como no Capsiense. A indústria<br />

óssea é muito pobre, e há somente uma forma original: o “trinchete”. Não há<br />

nem arte mobiliária, nem arte parietal. Estamos no tempo de Altamira e de<br />

Lascaux, e os homens são, tanto ao norte como ao sul do Mediterrâneo, do tipo<br />

Cro -Magnon, o mesmo de “Mechta el -Arbi”.<br />

Não há provas satisfatórias <strong>da</strong> hipótese tradicionalmente aceita sobre<br />

uma cultura de origem oriental dividi<strong>da</strong> em dois ramos: o Cro -Magnon<br />

europeu ao norte do Mediterrâneo, e ao sul, ao longo dos rios africanos, o<br />

Homem de Mechta el -Arbi. No plano antropológico podem ser vistos como<br />

descendentes dos neandertalenses por intermédio do homem ateriense. Por<br />

mais sedutora que seja esta hipótese, ela não explica o desenvolvimento de<br />

uma indústria sem nenhum ponto de comparação com o Musteriense e até<br />

mesmo com o Ateriense, que a precederam. Sugerir que não tenham sido<br />

os iberomaurusienses os portadores desta civilização é pouco concebível,<br />

uma vez que ela não tem raízes locais. E não é este o único problema.<br />

Estes “Cro -Magnon” do Magreb tiveram uma vocação e um destino<br />

diametralmente opostos aos dos europeus. A indústria lítica, contemporânea<br />

do Mag<strong>da</strong>leniense, ao menos nos estágios mais antigos, era “mesolítica”,<br />

na medi<strong>da</strong> em que foi outrora descrita como um “Aziliense barbaresco”;<br />

a indústria óssea não teve equivalência com a dos mag<strong>da</strong>lenienses, e não<br />

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