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Metodologia e Pré-História da África - unesdoc - Unesco

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A arte pré -histórica africana<br />

de ferro, às vezes aproximando -se do violeta. A rocha -suporte é o granito e não o<br />

arenito, como no caso precedente. A técnica utiliza<strong>da</strong> é o desenho, que é tão fiel<br />

ao real quanto as “aquarelas” do sul; no entanto, não se trata de uma fideli<strong>da</strong>de<br />

mecânica. A reali<strong>da</strong>de é, algumas vezes, interpreta<strong>da</strong> em composições cênicas<br />

em que se nota uma prodigiosa fertili<strong>da</strong>de de imaginação 12 .<br />

O homem é retratado com ombros largos e cintura estreita, ou seja,<br />

“cuneiforme”. Visto de frente, seus membros aparecem de perfil, como nos<br />

baixos -relevos egípcios. No sul, os personagens são mais naturais, com membros<br />

mais harmoniosos, em cenas de caça e de combate, que às vezes se confundem.<br />

No norte, há cenas de funerais solenes, talvez exéquias reais, com personagens<br />

demonstrando sentimentos pungentes de pesar. A fauna, ao contrário, na grande<br />

caverna de Inoro, por exemplo, desfila não como uma arca de Noé, cui<strong>da</strong>dosamente<br />

organiza<strong>da</strong>, mas como um bestiário fantasmagórico: pássaros gigantescos com<br />

bicos semelhantes a mandíbulas de crocodilos, elefantes enormes com o dorso<br />

denticulado, animais bicéfalos. Por vezes, são mitos elaborados, como o <strong>da</strong> chuva.<br />

O pano de fundo desses afrescos fantásticos consiste em ver<strong>da</strong>deiras paisagens<br />

onde os rochedos estilizados, as árvores identificáveis do ponto de vista botânico<br />

e os lagos piscosos estão dispostos de maneira inteligente. Essa é a arte do<br />

Zimbabwe, menos anima<strong>da</strong> fisicamente que a do Sul, mas carrega<strong>da</strong> de emoções<br />

tumultuosas ou pungentes. Segundo Frobenius, o estilo “cuneiforme” estaria<br />

ligado a uma civilização altamente desenvolvi<strong>da</strong>, e sabemos que na região de<br />

Zimbabwe existiram tais civilizações. Também de acordo com ele, esse estilo<br />

anguloso e austero foi substituído por um estilo de traços mais arredon<strong>da</strong>dos e<br />

flexíveis, mais afetado e efeminado, quando as socie<strong>da</strong>des que o haviam inspirado<br />

entraram em decadência 13 .<br />

No Alto Volta, as gravuras rupestres no norte do país (Aribin<strong>da</strong>) têm um<br />

estilo seminaturalista ou esquemático, enquanto no sul elas são sobretudo de<br />

forma geométrica. Também existem pinturas nas cavernas <strong>da</strong> falésia de Banfora.<br />

Na <strong>África</strong> central, as pesquisas revelaram sítios que comprovam a ocupação<br />

humana desde o pré -Acheulense até a I<strong>da</strong>de dos Metais. Foram localizados<br />

alguns centros de arte rupestre: o abrigo de Toulou na região de Ndele, habitado<br />

desde a pré -história até hoje, e que apresenta personagens estilizados, pintados<br />

de vermelho e muito antigos, e figuras pinta<strong>da</strong>s de branco, com as mãos na<br />

12 A representação <strong>da</strong> caça e dos animais é, no conjunto, naturalista, às vezes, por razões mágicas, pois a<br />

imagem deve reproduzir o mais exatamente possível o objeto do rito. Por outro lado, as efígies humanas<br />

são, com frequência, delibera<strong>da</strong>mente esquemáticas; trata -se de protegê -las contra as influências mágicas.<br />

13 HABERLAND, E. 1973, p. 27.<br />

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