29.03.2013 Views

Metodologia e Pré-História da África - unesdoc - Unesco

Metodologia e Pré-História da África - unesdoc - Unesco

Metodologia e Pré-História da África - unesdoc - Unesco

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

<strong>História</strong> e linguística<br />

de milhões de pessoas de origens diferentes. Como veículos de comunicação,<br />

ultrapassaram largamente seu contexto étnico e geográfico original, para se<br />

tornarem línguas de civilização comuns a povos inicialmente muito diferentes.<br />

Os Peul e os Seereer constituem, no Senegal, a imensa maioria dos falantes<br />

de wolof. O wolof era originariamente a língua de uma etnia lebu, cujos traços<br />

foram encontrados na fronteira entre o Senegal e a Mauritânia. Hoje em dia,<br />

os Lebu constituem apenas uma pequena minoria, confina<strong>da</strong> na península do<br />

Cabo Verde. No entanto, com a urbanização do Senegal, a cultura e a língua<br />

wolof estão fazendo muitas línguas e dialetos desaparecerem sob nossos olhos: o<br />

seereer, o lebu, o fulfulde, o diula, o noon, etc. Esses idiomas, porém, pertencentes<br />

a povos diversos, desempenharam há apenas alguns séculos importante papel<br />

na história <strong>da</strong> região.<br />

Esta evolução é geral. O kiswahili, falado por dezenas de milhões de pessoas<br />

de fala bantu, nasceu de uma variante zanzibarita usa<strong>da</strong> inicialmente em algumas<br />

aldeias. Expandiu -se depois com muita facili<strong>da</strong>de por uma área linguística bantu<br />

relativamente homogênea, para constituir hoje, juntamente com o lingala, o<br />

principal veículo de comunicação na <strong>África</strong> central e meridional. Cinquenta<br />

ou sessenta milhões de pessoas falam uma dessas duas línguas, ou uma variante<br />

próxima, nos seguintes países: Zaire, República Popular do Congo, República<br />

Centro -Africana, Ugan<strong>da</strong>, Tanzânia, Quênia, Zâmbia, Malavi, <strong>África</strong> do Sul,<br />

Sudão e Etiópia.<br />

O pensamento africano tradicional tem -se mostrado com frequência bastante<br />

consciente, não só dessa imbricação, mas também do papel explicativo que o<br />

fenômeno linguístico pode representar na eluci<strong>da</strong>ção <strong>da</strong> história. Nas tradições<br />

africanas, há numerosas anedotas sobre o parentesco entre as línguas ou sobre<br />

a origem mais ou menos mítica de sua diferenciação. Frequentemente trata-<br />

-se de observações justas. É o caso <strong>da</strong>s aproximações que os Peul e os Seereer<br />

fazem, afirmando quase intuitivamente seu parentesco étnico e linguístico. Os<br />

Mandinga, os Bantu, os Akan e os Peul, que. se apresentam como falantes <strong>da</strong><br />

mesma língua, têm às vezes, enquanto grupos e subgrupos, a intuição de formar<br />

uma grande família comum. Na maior parte dos casos, contudo, o parentesco<br />

afirmado nasce apenas <strong>da</strong> necessi<strong>da</strong>de de integrar a história de uma comuni<strong>da</strong>de<br />

que “deve” aparecer de um modo ou de outro no universo de uma certa etnia,<br />

ou ain<strong>da</strong> de coexistir com ela. Para a coerência de uma saga tradicional, é<br />

indispensável que os grupos que hoje povoam um habitat comum tenham<br />

ligações ver<strong>da</strong>deiras ou míticas uns com os outros.<br />

No entanto, o saber linguístico tradicional <strong>da</strong>s socie<strong>da</strong>des africanas não<br />

fornece indicações precisas que permitam evocar a existência de uma ciência<br />

255

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!