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Metodologia e Pré-História da África - unesdoc - Unesco

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Mapa linguístico <strong>da</strong> <strong>África</strong><br />

as quatro “famílias” africanas postula<strong>da</strong>s por Greenberg são fala<strong>da</strong>s em um<br />

raio que não’ ultrapassa 40 km. Nesse caso, e no caso <strong>da</strong>s colinas do Togo, do<br />

planalto de Jos, dos planaltos de Camarões, dos montes Nuba e dos planaltos<br />

<strong>da</strong> Etiópia ocidental, parece existir uma correlação entre os países montanhosos<br />

e a intensa fragmentação linguística 9 . Deve -se observar ain<strong>da</strong> que as relações<br />

internas de certas uni<strong>da</strong>des complexas, representa<strong>da</strong>s por línguas pertencentes<br />

ou não à zona de fragmentação, tornam -se ca<strong>da</strong> vez menos níti<strong>da</strong>s nos pontos<br />

de interpenetração <strong>da</strong> zona de fragmentação 10 .<br />

A importância linguística e histórica <strong>da</strong> zona de fragmentação ficou<br />

obscureci<strong>da</strong> pela sobreposição de uma rede de “famílias” e de “subfamílias” de<br />

línguas postula<strong>da</strong>s por linguistas europeus e americanos. Dentre elas, as duas<br />

“famílias” mais extensas ultrapassam em interesse e vali<strong>da</strong>de as outras duas grandes<br />

“famílias” <strong>da</strong> classificação de Greenberg, ou até mesmo as várias “subfamílias”<br />

em que foram tradicionalmente “dividi<strong>da</strong>s”. Uma vez que a palavra “família”<br />

implica uma ordem de descendência de natureza humana e biológica, que não<br />

convém ao fenômeno <strong>da</strong> linguagem, poder -se -ia utilizar o termo “região de<br />

maior afini<strong>da</strong>de” para designar adequa<strong>da</strong>mente ca<strong>da</strong> uma dessas duas “famílias”,<br />

nota<strong>da</strong>mente por ocuparem áreas mais ou menos contíguas do continente<br />

africano. A primeira dessas áreas, a “região setentrional de maior afini<strong>da</strong>de”, é<br />

tradicionalmente conheci<strong>da</strong> como “camito -semítica” e, mais recentemente,<br />

como “afro -asiática” (Greenberg) ou “eritreia” (Tucker). A segun<strong>da</strong>, ou “região<br />

meridional de maior afini<strong>da</strong>de”, foi recentemente denomina<strong>da</strong> de “níger -congo”<br />

e de “congo -kordofaniano” (Greenberg) ou de “nigrítica” (Murdock) 11 . Não há<br />

controvérsia sobre a vali<strong>da</strong>de global dessas duas regiões de maior afini<strong>da</strong>de,<br />

evidentes para os linguistas europeus desde o século XVII 12 e, sem dúvi<strong>da</strong>, há<br />

muito mais tempo, para os observadores africanos. A relativa importância dessas<br />

duas regiões de maior afini<strong>da</strong>de se expressa pelo fato de compreenderem mais<br />

9 Como ponto de comparação interessante, cabe notar que existe uma “zona de fragmentação” análoga<br />

para as línguas indígenas <strong>da</strong> América do Norte. Essa zona, essencialmente montanhosa, tem mais de<br />

3000 km de comprimento e aproxima<strong>da</strong>mente 300 km de largura; estende -se paralelamente à costa do<br />

Pacífico, do sul do Alasca até a fronteira mexicana, e inclui uma área de fragmentação máxima ao norte<br />

<strong>da</strong> Califórnia (onde representantes de seis dentre oito <strong>da</strong>s principais famílias postula<strong>da</strong>s para as línguas<br />

indígenas norte -americanas situam -se num raio de cerca de 160 km).<br />

10 A saber, línguas semíticas, “cuxítico” do leste e bantu (incluindo -se as línguas “bantoides”).<br />

11 A família “congo -kordofaniana” de GREENBERG compreende sua família “níger -congo” mais um<br />

pequeno grupo de línguas com classes, de parentesco mais distante, no Kordofan. “Nigrítico” é um termo<br />

de classificação mais antigo retomado em 1959 por MURDOCK.<br />

12 Ver o capítulo de GREENBERG, neste volume. GREENBERG também ressalta o fato de que a relação<br />

entre o malgaxe e o malaio já fora observa<strong>da</strong>, <strong>da</strong> mesma maneira, no século XVII.<br />

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