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Metodologia e Pré-História da África - unesdoc - Unesco

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Os métodos interdisciplinares utilizados nesta obra<br />

a vi<strong>da</strong> <strong>da</strong> coletivi<strong>da</strong>de. Da mesma forma, ver<strong>da</strong>deiras federações de aldeias foram<br />

erigi<strong>da</strong>s em torno de um altar ou de um culto comum, como na região de Samo<br />

(Alto Volta) e em Ibo.<br />

Os países africanos onde as forças produtivas permaneceram num nível<br />

muito baixo, gozam, por outro lado, de uma ativi<strong>da</strong>de cultural intensa. Enquanto<br />

a dependência <strong>da</strong> natureza era quase total, to<strong>da</strong> vestimenta era adorno. Todo<br />

instrumento ou utensílio era trabalhado artisticamente, e até mesmo as<br />

escarificações corporais em profundi<strong>da</strong>de ou em relevo tinham a dupla função<br />

de afirmar uma identi<strong>da</strong>de étnica e manifestar uma intenção estética. Verifica-<br />

-se o mesmo fenômeno com relação às moe<strong>da</strong>s de ferro (guinze) utiliza<strong>da</strong>s<br />

pelos Loma (Toma); Kissi, Konianke, Mande, Kuranko <strong>da</strong> Guiné, de Serra<br />

Leoa e <strong>da</strong> Libéria. Os guinze eram ao mesmo tempo moe<strong>da</strong>s, protetores <strong>da</strong>s<br />

moradias e dos campos, asilos dos espíritos dos defuntos e antepassados, e seria<br />

errôneo reduzi -los a uma única dimensão. Essas socie<strong>da</strong>des totais requerem<br />

manifestamente uma história integral à sua imagem. Assim sendo, a melhor<br />

forma de retratá -las é o trabalho interdisciplinar. Como exemplo, temos a obra<br />

conjunta de D. Tait, antropólogo, e de J. Fage, historiador, sobre os Konkomba.<br />

Citemos ain<strong>da</strong> o enfoque sintético de J. Berque <strong>da</strong> história social de uma<br />

aldeia egípcia. 13 Além disso, o método global irá requerer uma abor<strong>da</strong>gem que<br />

considere todos os fatores externos, assim como os elementos domésticos. Exige<br />

que se transcen<strong>da</strong>m as fronteiras <strong>da</strong> <strong>África</strong> de modo a integrar as contribuições<br />

asiáticas, europeias, indonésias e americanas à personali<strong>da</strong>de histórica africana.<br />

Evidentemente, não na forma de um expansionismo sumário, pois mesmo<br />

havendo intervenção externa, esta é orienta<strong>da</strong> pelas forças internas já em ação.<br />

Como diz a máxima escolástica: Quidquid recipitur, ad modum recipientis recipitur<br />

(Tudo o que é recebido o é na medi<strong>da</strong> e de acordo com o formato do recipiente).<br />

É por esse motivo que o arroz asiático foi cultivado onde já existia o oryza<br />

aborígene africano, e a mandioca, onde existia o inhame. A cultura africana é um<br />

sofisticado complexo de fatores. Não poderia reduzir -se à soma numérica desses<br />

fatores, pois eles não são meros produtos de mercearia que se alinha e se conta.<br />

A cultura africana é tudo aquilo que assume e transcende qualitativamente os<br />

elementos constituintes. E o ideal <strong>da</strong> história <strong>da</strong> <strong>África</strong> é apoiar -se em todos<br />

esses elementos para retratar a própria cultura no seu desenvolvimento dinâmico.<br />

Em outras palavras, o método interdisciplinar deveria finalmente conduzir a um<br />

projeto transdisciplinar.<br />

13 BERQUE, J. 1957.<br />

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