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Metodologia e Pré-História da África - unesdoc - Unesco

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Origens, desenvolvimento e expansão <strong>da</strong>s técnicas agrícolas<br />

Como vimos, é grande a importância desses cereais para a economia do centro<br />

agrícola <strong>da</strong>s savanas e <strong>da</strong>s estepes africanas; tal importância ultrapassa, aliás, os<br />

limites do continente africano, pois já há muito tempo certas varie<strong>da</strong>des de<br />

Sorghum são cultiva<strong>da</strong>s em outras regiões do mundo.<br />

Assim, a <strong>África</strong> parece ser ao mesmo tempo um conjunto de berços agrícolas<br />

originais e um mosaico de centros de origem de plantas cultiva<strong>da</strong>s, algumas <strong>da</strong>s<br />

quais adquiriram uma importância econômica de escala mundial.<br />

A <strong>África</strong> foi o local de origem de outros cereais importantes, entre os quais<br />

se destaca o arroz. Inicialmente, a rizicultura baseou -se nas varie<strong>da</strong>des de arroz<br />

propriamente africanas, que merecem atenção. Elas são originárias do berço afro‑<br />

‑ocidental, mais precisamente do subsetor do Níger central (centro primário) e<br />

do subsetor senegambiano (centro secundário).<br />

Já na Antigui<strong>da</strong>de, Estrabão referiu -se a uma rizicultura africana e no século<br />

XIV, Ibn Battuta mencionou que o arroz era cultivado na região do Níger 29 . Esses<br />

testemunhos foram frequentemente ignorados e por muito tempo acreditou -se<br />

que a rizicultura na <strong>África</strong> tivesse por origem o arroz asiático (Oryza sativa<br />

L.). Por volta de 1914 apenas é que se reconheceu a existência de um arroz<br />

especificamente africano, O. glaberrima Steudel, com panículas rígi<strong>da</strong>s e eretas e<br />

cariopses marrons ou vermelhas. Esse arroz pode ser explorado através de coleta,<br />

mas pode, igualmente, ser cultivado; parece estar relacionado ao O. breviligulata<br />

A. Chev. e O. Roer, encontrado em grande parte <strong>da</strong> <strong>África</strong> tropical.<br />

O arroz africano fornece uma boa ilustração <strong>da</strong>s teorias propostas por N.<br />

I. Vavilov quanto à origem <strong>da</strong>s plantas cultiva<strong>da</strong>s: grande extensão <strong>da</strong> área <strong>da</strong><br />

espécie selvagem; possibili<strong>da</strong>de máxima de variação do arroz africano com<br />

predominância de características dominantes no delta central do Níger (centro<br />

primário); diversificação em varie<strong>da</strong>des com caracteres recessivos no Alto<br />

Gâmbia e Casamance (centro secundário).<br />

Portanto, a partir do delta central do Níger, as varie<strong>da</strong>des cultiva<strong>da</strong>s de arroz<br />

africano se difundiram por todo o oeste <strong>da</strong> <strong>África</strong> até o litoral <strong>da</strong> Guiné. A<br />

coleta <strong>da</strong> espécie selvagem O. glaberrima é, sem dúvi<strong>da</strong>, muito antiga. Esse<br />

cereal devia ser abun<strong>da</strong>nte nas regiões de coleta relativamente intensiva, onde<br />

as condições favoreceram o início do cultivo de vegetais. Podemos, portanto,<br />

supor que o cultivo desse arroz é, pelo menos, tão antigo quanto o dos outros<br />

cereais africanos.<br />

29 Ver SCHNELL, R. 1957, op. cit.<br />

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