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Metodologia e Pré-História da África - unesdoc - Unesco

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Classificação <strong>da</strong>s línguas <strong>da</strong> <strong>África</strong><br />

juntamente com o papua. A maioria <strong>da</strong>s línguas “negras” distribuem -se entre as<br />

línguas negro -africanas e bantu. Sua hipótese sobre essa questão é exatamente<br />

oposta à de Lepsius, uma vez que considera as primeiras como representantes<br />

do tipo original, e as segun<strong>da</strong>s suas deriva<strong>da</strong>s. Para ele, certo número de línguas<br />

fala<strong>da</strong>s por populações negras pertence a um grupo culturalmente mais avançado<br />

chamado nuba -fula, cujos falantes são fisicamente semelhantes aos mediterrânicos<br />

e aos dravídicos, classificados como populações de cabelos encaracolados. Nos<br />

trabalhos de Cust, que divulgam as opiniões de Müller aos leitores de língua<br />

inglesa, as línguas <strong>da</strong> <strong>África</strong> aparecem dividi<strong>da</strong>s em seis grupos: 1. semítico; 2.<br />

camítico; 3. nuba -fula; 4. negro; 5. bantu; 6. khoisan.<br />

As discussões em torno <strong>da</strong> classificação ficaram suspensas durante algum<br />

tempo, e o interesse dos linguistas concentrou -se na árdua tarefa científica de<br />

descrever as línguas africanas. A obra de Westermann sobre as línguas su<strong>da</strong>nesas<br />

(1911) e a de Meinhof sobre as camíticas (1912) inauguram o período moderno 16 .<br />

A primeira dessas obras, cuja tese fun<strong>da</strong>mental foi, ao que parece, inspira<strong>da</strong><br />

em Meinhof, introduziu o termo “su<strong>da</strong>nês”, que abrangia quase to<strong>da</strong>s as línguas<br />

<strong>da</strong> <strong>África</strong> não incluí<strong>da</strong>s nos grupos semítico, camítico (em seu sentido mais<br />

amplo <strong>da</strong>do por Meinhof ), bantu e san. Portanto, designava essencialmente<br />

to<strong>da</strong>s as línguas antes chama<strong>da</strong>s “línguas negras”. Dentro dessa vasta coleção,<br />

Westermann selecionou oito línguas (sem fornecer, entretanto, a lista completa),<br />

<strong>da</strong>s quais cinco eram do Sudão ocidental e três do Sudão oriental, e procurou<br />

estabelecer parentesco entre elas através de uma série de etimologias e de formas<br />

ancestrais reconstituí<strong>da</strong>s.<br />

Meinhof, já célebre por sua obra fun<strong>da</strong>mental sobre o estudo comparativo<br />

do bantu, procurou, em seu livro sobre as línguas camíticas, estender os limites<br />

<strong>da</strong> família camítica para além dos geralmente aceitos, incluindo línguas como o<br />

fulfulde, o massai e, seguindo Lepsius, o khoi -khoi, baseando -se essencialmente<br />

no critério do gênero. A obra deixava transparecer claramente sua convicção <strong>da</strong><br />

superiori<strong>da</strong>de racial camítica 17 .<br />

Do trabalho conjunto de Meinhof e Westermann surgiu uma divisão em<br />

cinco grupos (semítico, camítico, su<strong>da</strong>nês, bantu e san). Essas conclusões foram<br />

difundi<strong>da</strong>s nos países de língua inglesa por Alice Werner e tornaram -se norma<br />

nos manuais de antropologia e de linguística 18 .<br />

16 WESTERMANN, D. 1911; MEINHOF, C. 1912.<br />

17 A hipótese camítica tornou -se a base de uma interpretação cultural e histórica muito desenvolvi<strong>da</strong>. Sobre<br />

essa questão, ver E. R. SANDER, 1969, p. 521 -32.<br />

18 WERNER, A. 1915 e 1930.<br />

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