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Metodologia e Pré-História da África - unesdoc - Unesco

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148 <strong>Metodologia</strong> e pré -história <strong>da</strong> <strong>África</strong><br />

as histórias <strong>da</strong>s dinastias, genealogias, listas de reis, que podem ser considera<strong>da</strong>s<br />

como ver<strong>da</strong>deiras constituições não -escritas. Podemos ampliar essa categoria<br />

pela inclusão de to<strong>da</strong>s as tradições que tratam dos assuntos públicos legais,<br />

por exemplo, as que mantêm os direitos públicos sobre a proprie<strong>da</strong>de. Trata-<br />

-se, geralmente, de tradições oficiais, uma vez que aspiram a uma legitimi<strong>da</strong>de<br />

universal para a socie<strong>da</strong>de. As tradições particulares, associa<strong>da</strong>s a grupos ou<br />

instituições incorporados a outros grupos, não serão tão bem conserva<strong>da</strong>s, pois<br />

têm menor importância, embora, em geral, estejam mais próximas <strong>da</strong> ver<strong>da</strong>de<br />

que as demais tradições. To<strong>da</strong>via, convém destacar que as tradições particulares<br />

são oficiais para o grupo que as transmite. Assim, uma história de família é<br />

particular em comparação à história de todo um Estado, e o que ela diz sobre<br />

o Estado está menos sujeito a controle do Estado que uma tradição pública<br />

oficial. Mas dentro <strong>da</strong> própria família, a tradição particular torna -se oficial.<br />

Em tudo o que diz respeito à família, ela deve, portanto, ser trata<strong>da</strong> como tal.<br />

Compreende -se, assim, por que é tão importante utilizar histórias familiares ou<br />

locais para esclarecer questões de história política geral. Seu testemunho está<br />

menos sujeito a distorção e pode oferecer uma verificação efetiva <strong>da</strong>s asserções<br />

feitas pelas tradições oficiais. Por outro lado, como dizem respeito somente a<br />

subgrupos, a profundi<strong>da</strong>de e o cui<strong>da</strong>do com que são transmiti<strong>da</strong>s são, de modo<br />

geral, pouco satisfatórios, como atestam as inúmeras variantes.<br />

Entre outras funções comuns, podemos mencionar sucintamente a religiosa e a<br />

litúrgica (como realizar um ritual), as funções jurídicas particulares (precedentes),<br />

as estéticas, didáticas e históricas, a função do comentário de um registro oral<br />

esotérico e a que os antropólogos chamam de função mítica. As funções e o<br />

gênero literário considerados em conjunto podem constituir para o historiador<br />

uma tipologia váli<strong>da</strong>, que lhe permitirá fazer uma avaliação geral <strong>da</strong>s prováveis<br />

distorções que suas fontes podem ter sofrido, fornecendo -lhe indicações relativas<br />

à transmissão. Para tomar apenas os tipos que são obtidos por esse processo de<br />

seleção, podemos distinguir os nomes, os títulos, os slogans ou lemas, fórmulas<br />

rituais, fórmulas didáticas (provérbios), listas de topônimos, de antropônimos,<br />

genealogias, etc. Do ponto de vista <strong>da</strong> forma básica, podemos classificar todos<br />

esses casos como “fórmulas”. Poemas históricos, panegíricos, litúrgicos ou<br />

cerimoniais, religiosos, pessoais (líricos e outros), canções de todos os tipos<br />

(canções de ninar, de trabalho, caça e canoagem, etc.) são “poemas”, também<br />

do mesmo ponto de vista. A “epopeia” como forma básica é representa<strong>da</strong> por<br />

certos poemas que não correspondem ao que o termo normalmente conota. Por<br />

último, a “narrativa” inclui a narrativa geral, histórica ou outras, narrativas locais,<br />

familiares, épicas, etiológicas, estéticas e memórias pessoais. Devemos também

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