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Metodologia e Pré-História da África - unesdoc - Unesco

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64 <strong>Metodologia</strong> e pré -história <strong>da</strong> <strong>África</strong><br />

e em segui<strong>da</strong> os húmus orgânicos (potássio). O resíduo, centrifugado e colorido,<br />

é então colocado em gelatina, restando ao operador apenas reconhecer e contar<br />

ca<strong>da</strong> grão para construir uma tabela de porcen tagem. Esta fornece o perfil<br />

polínico do sedimento estu<strong>da</strong>do. Dessa forma, pode -se detectar a presença <strong>da</strong><br />

agricultura num sítio, precisar a evolução <strong>da</strong> paisagem, diagnosticar o clima<br />

através <strong>da</strong>s variações <strong>da</strong> vegetação e determinar a eventual ação do homem e<br />

dos animais sobre a cobertura vegetal.<br />

Tais análises permitiram revelar ativi<strong>da</strong>des de domesticação de plantas<br />

alimentícias na <strong>África</strong>, ativi<strong>da</strong>des essas centraliza<strong>da</strong>s em vários pontos e<br />

difundi<strong>da</strong>s por diversas regiões. O sorgo (inicialmente domesticado na savana que<br />

se estende do lago Chade à fronteira entre o Sudão e a Etiópia), o milho -miúdo,<br />

o arroz africano, a voandzeia, a ervilha forrageira, o dendezeiro (domesticado<br />

na orla <strong>da</strong>s florestas), o finger millet, o quiabo e o inhame africano eram as<br />

principais plantas cultiva<strong>da</strong>s na época.<br />

As plantas americanas foram introduzi<strong>da</strong>s há relativamente pouco tempo,<br />

como atestam desta vez certas fontes escritas. A mandioca, por exemplo,<br />

hoje o alimento básico de vários povos <strong>da</strong> <strong>África</strong> central, penetrou o reino<br />

do Kongo pela costa atlântica só depois do século XVI. Com efeito, entre as<br />

plantas cultiva<strong>da</strong>s no planalto de Mbanza Congo, capital do reino, a Relação de<br />

Pigafetta -Lopez (1591) menciona apenas o luko, isto é, a Eleusine coracana, cuja<br />

“semente é originária <strong>da</strong>s margens do Nilo, na região em que este rio desemboca<br />

no segundo lago” 3 ; o masa ma Kongo, uma gramínea que é uma espécie de sorgo;<br />

o milho, masangu ou ain<strong>da</strong> masa ma Mputu, “que é o menos apreciado e com o<br />

qual se alimentam os porcos” 4 ; o arroz, loso, que “também não tem muito valor” 5 ;<br />

enfim, a bananeira, dikondo, e o dendezeiro, ba.<br />

Fato menos conhecido, as plantas africanas também se difundiriam para<br />

fora do continente. É certo que algumas espécies africanas se expandiram<br />

para a Índia, por exemplo, e para outras regiões asiáticas, embora em época<br />

tardia. Com efeito, as duas espécies de milho -miúdo (milhete e finger millet)<br />

são comprova<strong>da</strong>s arqueologicamente na Índia por volta do ano 1000 antes <strong>da</strong><br />

Era Cristã. O sorgo só seria conhecido nessa região posteriormente, porque o<br />

sânscrito não possui uma palavra para designá -lo.<br />

3 PIGALETTA -LOPEZ. 1591, p. 40: “Venendo sementa <strong>da</strong>l fiume Nilo, in quella parte dove empie il<br />

secondo lago”.<br />

4 PIGAFETTA -LOPEZ. ibid.: “Ed il maiz che è il più vile de tutti, che <strong>da</strong>ssi à porci”.<br />

5 PIGAFETTA -LOPEZ. ibid.: “il roso e in pocco prezzo”.

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